Ao Vinicius numa quarta feira - 9.7.80/9.7.06
Ao Vinicius de Morais
Porque hoje não é Sábado, há um Sol de semana de trabalho.
Não há um homem louco de ciúme,
Nem o funeral de um político.
Porque hoje é Quarta feira,
Há apenas uma saudade enorme que fica
E se espraia na pena de te perdermos.
Hoje é quarta -feira.
Há um samba de várias notas no vento que sopra lá fora.
Há um segredo que fica na poesia que deixaste
Uma criança sorrindo ao mendigo que pede esmola,
Porque hoje é quarta feira.
Há um Brasil do lado de lá
E, um Homem, um poeta do lado de cá;
Há uma mulher que ama um Homem
E continuam a existir crianças que não comem;
Há uma pena funda de te ter perdido,
E uma música suave que pouco a pouco vai tomando sentido.
Há um segredo de presença no vento que passa
E um sambinha de dor em ar de chalaça;
Hoje não é Sábado....
E tu morreste a uma quarta Feira...
Tudo se acabou numa Quarta feira.... (?)
Não.
Tu ficas, permaneces....
Os poetas não morrem,
nem sequer às quartas feiras...
E como poderias fazê-lo se hoje... Hoje ... não é Sábado?!
ACCB em 9.7.1980 copyright
Dia 9.7.1980
Quando morre um poeta,
O dia chora uma lágrima
cristalina e transparente
de uma dor mista de saudade...
Há uma tristeza, um vazio, uma lacuna,
Porque a Vida perdeu
mais uma pétala nas flores
do seu jardim...
Quando morre um poeta
a alma grita desventrada
A perda de um filho que criou...
E o dia desfalece entristecido
No horizonte azulado,
Como nos dias da criação do Mundo......
Quando morre um poeta
Há um grito de dor
na oração que o vento canta
Nos vidros cheios de poente
em cada janela de poesia.....
ACCB na mesma data - a da morte do poeta -
Etiquetas: poemas
1 Comentários:
Há pessoas que nunca morrem.
O Vinícius estará presente em cada música e em cada poema seus.
E em cada recordação feliz, como um segredo de presença no vento que passa...
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