4 de Julho / Permanência
Permanência
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Não peçam aos poetas um caminho.
Não peçam aos poetas um caminho.
O poeta
não sabe nada de geografia
celestial.
não sabe nada de geografia
celestial.
Anda
aos encontrões da realidade
sem acertar o tempo com o espaço.
aos encontrões da realidade
sem acertar o tempo com o espaço.
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Os relógios e as fronteiras não têm
tradução na sua língua.
Os relógios e as fronteiras não têm
tradução na sua língua.
Falta-lhes
o amor da convenção em que nas outras
as palavras fingem de certezas.
o amor da convenção em que nas outras
as palavras fingem de certezas.
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O poeta lê apenas os sinais
da terra.
O poeta lê apenas os sinais
da terra.
Seus passos cobrem
apenas distancias de amor e
de presença.
apenas distancias de amor e
de presença.
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Sabe
apenas inúteis palavras de consolo
e mágoa pelo inútil.
apenas inúteis palavras de consolo
e mágoa pelo inútil.
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Conhece
apenas do tempo o já perdido;
apenas do tempo o já perdido;
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do amor
a câmara-escura sem revelações;
a câmara-escura sem revelações;
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do espaço
o silêncio de um vôo pairando
em toda a parte.
o silêncio de um vôo pairando
em toda a parte.
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Cego entre as veredas obscuras é ninguém
Cego entre as veredas obscuras é ninguém
e
nada sabe
— morto redivivo.
nada sabe
— morto redivivo.
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Adolfo Casais Monteiro
A 4 de Julho de 1908 nasceu, no Porto, o poeta e ensaísta
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6 Comentários:
Adolfo C monteiro? Muito bonito! gostei imenso!
Sinceramente não conhecia... mas ainda bem que há quem nos lembre destas coisas!
Parabéns pelo blog! é um despertador!!!
Perguntou pelos exames...pois, já saíram os resultados...
JCA - Já lá fui fazer a devida vénia!!Parabéns!!!
Volte sempre não se esqueça deste cantinho.
Já tinha passado por aqui mas não consegui comentar.
Muito obrigado! Não esqueço, não!
Este poema é dedicado a um poeta que conheço e se encaixa perfeitamente nele. Hoje.
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