A incerteza cai com a tarde
no limite da praia. Um pássaro
apanhou-a, como se fosse
um peixe, e sobrevoa as dunas
levando-a no bico. O
seu desenho é nítido, sem
as sombras da dúvida ou
as manchas indecisas da
angústia. Termina com a
interrogação, os traços do fim,
o recorte branco de ondas na maré baixa. Subo a estrofe
até apanhar esse pássaro
com o verso, prendo-o à frase,
para que as suas asas deixem
de bater e o bico se abra. Então,
a incerteza cai-me na página, e
arrasta-se pelo poema, até
me escorrer pelos dedos para
dentro da própria alma.
Nuno Júdice
Etiquetas: poemas alheios
3 Comentários:
Voltei Cleopatra e não venho envenenado, nem mordi a lingua.
Esqueci-me de perguntar se é um passarinho verde.
É um passarinho verde sim.
Mas, pensando melhor...será verde?
Pode continuar a ser verde pronto.
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