CleopatraMoon

Um Mundo à parte onde me refugio e fico ......distante mas muito próxima.

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Sou alguém que escreve por gostar de escrever. Quem escreve não pode censurar o que cria e não pode pensar que alguém o fará. Mesmo que o pense não pode deixar que esse limite o condicione. Senão: Nada feito. Como dizia Alves Redol “ A diferença entre um escritor e um aprendiz, ou um medíocre, é que naquele nunca a paixão se faz retórica.” Sou alguém que gosta de descobrir e gosta de se descobrir. Apontamento: Gosto que pensem que sou parva. Na verdade não o sou. Faço de conta, até ao dia em que permito que percebam o quanto sou inteligente.

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quarta-feira, novembro 30, 2005

A 1ª Pessoa do Singular



O DR Mário Soares "deu hoje a sua entrevista à" Judite de Sousa.
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Confesso que logo no início temi que fizesse birra e não quisesse responder a nenhuma pergunta.
Do estilo : - " Ou brinco como quero, ou já não jogo. Pronto! " E vai de beicinho.
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Com um sorriso rasgado, interiormente incomodada, a Judite de Sousa manteve o fair-play e lá foi explicando, que, com calma, ele iria perceber que as perguntas que lhe iriam ser postas e , os desafios, (pequenos) que lhe ía fazer, não iam doer nada.
Era só encostar para trás, abrir a boca e... responder.
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O grande monstro politico lá foi relaxando e lá foi sendo levado a responder.
Sim, que quer queiramos quer não, e tenha lá os defeitos que tiver, o Dr Mário Soares não deixa de ser um monstro politico.
Pelo menos até agora assim era considerado, quer por amigos e simpatizantes, quer pelos outros.
E o Sr Dr. lá foi tentando responder... sem deixar contudo de jogar o seu jogo ou seja, dizer apenas o que queria dizer, jogar apenas como queria jogar.
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Reparei que por acaso ( ou não) começou quase todas as frases por . " Eu ".
E seguiu o pronome pessoal de verbos como . - fiz, escrevi, publiquei, fui aplaudido, dei conferências....
Não é a enorme energia dos verbos que me preocupa. É o tempo verbal.
Para um FUTURO, candidato à Presidência da República, juro que preferia tê-lo ouvido no futuro do indicativo.
Eu farei, eu escreverei, eu vetarei, eu reunirei, eu tentarei, ....
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(Porque será que ninguém fala no Futuro, em realizar e fazer no futuro?!)
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E porque terá o ilustre jurista firmado a sua imagem tanto no passado?!
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E porque terá falado tanto na primeira pessoa do singular?!
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Confesso que admiro muito os Homens que, destacando-se dos mais, iniciam as suas frases por "nós", ainda que o nós seja individual, porque implica um esforço colectivo liderado por esse homem.
Nós, implica um envolvimento dos outros, sendo certo que o Eu é que permite e determina esse envolvimento.
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O Eu, é um pronome só e isolado e, se colocado no pretérito, ainda que perfeito, é um desastre de solidão acabada.
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Lembro-me que, quando mais jovem iniciava todas as frases por "EU", os meus pais me chamavam a atenção para a desnecessidade de o fazer.
Para me afirmar bastava dizer ao que vinha.
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E o Sr. Dr. nunca nos disse ao que vinha...
Só nos disse ao que veio e, isso, nós já sabemos.
Firmou-se no seu passado, mas o que queremos é que nos vislumbre o Futuro.
Disse algo que me fez acordar. Que apesar de saber que os seus poderes são Constitucionalmente controlados, pode dissolver um Governo.
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Foi a parte mais enérgica do seu discurso.
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Disse ainda que não representava nenhum partido...
Esqueceu aqui o seu passado politico e o seu presente .... quem o apoia...
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Mas de Futuro... nada.
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A meu ver... e humildemente, sem querer ferir ninguém, e sem ter em conta qualquer faixa etária, penso que o Sr. Dr. teria feito melhor se tivesse continuado no seu lugar politico, onde a História o colocou.
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Não porque tem a idade que tem...
Olhem-se Homens como Eugénio de Andrade, Alvaro Cunhal, Saramago, Nunes da Cruz, Maria Lamas, Sophia de Mello Breyner, Agustina Bessa Luís, Vieira da Silva, ( que não me lembro de outros agora e, estes, nem sequer estão por ordem ) e, repare-se na sua lucidez, na sua força, na sua linha de pensamento, na revolução de ideias que emanam ....
Não me venham com a ideia da idade...
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Mas, o passado serve apenas para nos dar estofo e trampolim para o futuro, de forma dinâmica e enérgica, não apenas para nos dar imagem ou credibilidade, a ponto de nos permitir viver à sombra do que já fomos e ainda somos , mas podemos deixar de ser.
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O que se esperava era não só um testemunho mas uma definição politica do papel do PR.
No dia 28 de Abril de 1974 - Domingo, a sua visão era de Futuro, não de passado...era democratizar e liberalizar um país que era também o seu.
Também como agora, a época era de crise...pelo menos politica...
Agora é de crise politica, económica e social...talvez exija mais energia...mais definição, mais clareza, mais Presente e mais sentido de Futuro, e menos sentido de Passado.
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Porque é que um economista não serve?
Porque servirá mais um Jurista?
Pouco nos importa!
Queremos é alguém que seja Presidente desta República e saiba o que isso significa num país que é Europeu.
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Não interessa tratar a Europa por tu se ela quer ser devidamente tratada e fazemos parte dela...
Nada neste País, pode ser perspectivado fora da Europa... estamos em desacelaração...estamos demasiado no passado... Não crescemos... não acompanhamos, estamos a ficar...parados na história ... no tempo.
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De 1974 1986 CRESCEMOS.....
Agora...parámos...
A Europa está a tornar-se numa potência... não sei a quantos por cento ao ano.
Há que acompanhar o passo.
A Globalização há-de engolir-nos desastrosamente se desastradamente não estivermos preparados para ela.
Estamos preparados para ela?
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Que tem o Dr Mário Soares a dizer, por exemplo, sobre isto em 30 minutos e como futuro Presidente da República?
A sua produtividade horária melhorou a meio da entrevista quando se esqueceu de fazer beicinho e deixou de falar na primeira pessoa do singular.
Mas não nos esclareceu.
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Espero sinceramente pelos debates.
Talvez eles acendam... a luz ao fundo do túnel!
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ACCB 30.11.05

3 Comentários:

Blogger JFMN disse...

Mário Soares, como Cavaco Silva, são uma espécie de sopa requentada de que ninguém verdadeiramente gosta. Felizmente há alternativas masi frescas.

02 dezembro, 2005  
Blogger Angel_Ariel disse...

De Joaquim Fidalgo:

- 'A gente não sabe quem ele é. A gente não sabe como ele é. A gente não sabe o que ele pensa. A gente ouve o que ele diz mas a gente nunca sabe o que ele pensa, porque nunca sabe se o que ele diz é o que ele pensa, ou se é apenas o que ele pensa que é suposto dizer naquela circunstância.'
'De Soares, por exemplo, nós sabemos bem quem é e o que tem na cabeça - concordemos ou discordemos. Ele, sim, diz o que pensa, mesmo que nem sempre pense genial. E tem uma pessoa dentro, claro: sem que tenha vindo mal ao mundo, já o vimos comer (é, ele come!), já o vimos rir, já o vimos ralhar, já o vimos com chapéus bizarros, já o vimos cometer gaffes, enfim, já o vimos homem. Conhecemo-lo, gostemos mais ou menos.'

- Joaquim Fidalgo, 'Ele não come!', Público, 30.11.2005 -

02 dezembro, 2005  
Blogger ptolomeu7 disse...

Nós gostámos do texto.
Nós gostaríamos que o futuro Presidente da nossa Reública fosse o Eça, a Agustina, o Pessoa, a Sophia, o Lobo Antunes (o escritor pois então) ...
Nós estamos fartos de gente que acha que é preciso ser militante de uma partido, dirigente de uma concelhia, presidente da Câmara, presidente do partido, Ministro ou 1º ministro e, finalmente, presidente da República. Enfim uma carreira...

02 dezembro, 2005  

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