Casei com as palavras

Sinto as palavras no meu corpo,
Na natureza adormecida do meu ser...
Libertos em impulsos incandescentes,
Como a aurora que alimenta os meus dias.
Iluminado em míticas sensações de quem escreve...
De quem procura, de quem quer...
Conduzido em sufrágios de contextos enamorados,
Muito além dos horizontes conhecidos,
Na esperança árdua de ser apenas o poeta.
E perco-me nas encruzilhadas,
Nos labirintos do sentimento,
Amo, sofro, grito e fico em silêncio,
Pedindo às palavras que falem em meu nome,
Em charcos límpidos de sonhos.
Finjo que não o sou, em espelhos de mentira,
Que não reflectem a imagem de quem lê,
E vagueio no espírito de boca em boca,
De quem bebe da fonte da minha alma.

Parto e chego, transporto apenas as palavras...
Adormeço aquecido nos braços da noite,
Reconfortado pelo namoro secreto,
Numa relação de bigamia que tenho...
Nesta infidelidade que amo...
Porque sou casado com a prosa e com a poesia...
E sinto as palavras no meu corpo...


L. F.

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( Obrigada Luis , por enriqueceres o meu blog com o teu poema )