CleopatraMoon

Um Mundo à parte onde me refugio e fico ......distante mas muito próxima.

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Sou alguém que escreve por gostar de escrever. Quem escreve não pode censurar o que cria e não pode pensar que alguém o fará. Mesmo que o pense não pode deixar que esse limite o condicione. Senão: Nada feito. Como dizia Alves Redol “ A diferença entre um escritor e um aprendiz, ou um medíocre, é que naquele nunca a paixão se faz retórica.” Sou alguém que gosta de descobrir e gosta de se descobrir. Apontamento: Gosto que pensem que sou parva. Na verdade não o sou. Faço de conta, até ao dia em que permito que percebam o quanto sou inteligente.

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quarta-feira, julho 04, 2007


Texto de Guerra Junqueiro - Pátria - 1896
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"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;

um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.]

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

-Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

-A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
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Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896.
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NOTA: Repare-se bem na data. Embora não pareça, isto referia-se à situação de 1896 !!!
A nota é do meu amigo que me enviou o texto.
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8 Comentários:

Blogger C.M. disse...

Os males da Monarquia Constitucional, sitiada e refém dos republicanos carbonários e maçónicos, são precisamente os males que hoje, nesta III República, nos voltam a afligir, pela mão dos herdeiros "espirituais" de Afonso Costa e apaniguados...

Ontem, como hoje, seria necessário um novo "28 de Maio" para varrer esta gente que, instalada no poder, apenas tratam dos seus negócios e não dos negócios da coisa pública.

04 julho, 2007  
Blogger M@nza disse...

São todos iguais, sejam monárquicos sejam republicanos.
Na monarquia o "povo" trabalha para que os "monarcas" passeiem e façam grandes festas, com o intuito de "manterem" o povo unido e boqueaberto pela passagem de modelos.
Nos republicanos o "povo" trabalha para que os "republicanos" passeiem e façam grandes festas, com o intuito de "manterem" o povo unido ?? e boqueaberto com toda a podridão que existe nos governantes.
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Não sei se ouviram o sr Ministro da Agricultura, durante uma visita que efectuou com o seu homólogo europeu a uma lota no Norte, a propósito da reclamação efectuada pelos pescadores, que se não gostassem que pedissem para sair da UE. Sim ... isso mesmo. Não acham já muita arrogância??
Enfim isto tudo para dizer que são todos iguais. Querem é TACHO.
A questão sos políticos já vem de há muitos séculos, desde que teve início a "governação" do País.
Gostava de saber o que vai suceder nos próximos 7 anos em que Portugal vai receber 41 mil Milhões de Euros da UE. Será que vamos continuar a pagar os erros dos governantes???

04 julho, 2007  
Blogger Apache disse...

A História repete-se!

Subscrevo o comentário do Cabral-Mendes.
Mas o Manza também tem razão, os monárquicos não são "santinhos" nenhuns. Qanto à arrogância, é a imagem de marca destes "artistas".

04 julho, 2007  
Blogger C.M. disse...

Meus Caros, como eu disse, a Monarquia Constitucional (já o termo é uma adulteração à filosofia da mesma...) estava já muito adulterada pelas maquinações dos republicanos, no final do séc. XIX, contaminada aliás por elementos estranhos a ela própria, e que tinham assento não só no Parlamento como também no próprio Governo.

Foi o próprio D. Carlos que afirmou ser Portugal uma "monarquia sem monárquicos".

Uma monarquia de republicanos, no sentido em que quase toda a gente, mesmo entre os líderes dos partidos do Governo, achava a "república", no sentido ideal definido por Antero, um regime superior à Monarquia.

Viu-se, de 1910 a 1928, os desmandos que essa gente fez ao País: lutaram contra a Igreja, contra o povo trabalhador (sim, que os republicanos não mais eram senão um punhado de burgueses bem instalados na vida, pseudo-intelectuais da época), provocaram uma dívida pública imensa que o Estado Novo levou anos a recuperar, os atentados bombistas sucediam-se todos os dias nesta cidade de Lisboa (e não só...), os governos sucediam-se sem descanso, e lançaram o País na I Guerra Mundial, sem necessidade. E muitos muitos mais factos poderíamos aduzir...

Mas bastaam estes para a I República ser considerada um regime despótico e criminoso…

Actualmente, os mesmos interesses mantêm-se instalados no poder. Com a diferença destes políticos de agora já não usarem aqueles bigodes ridículos e chapéus de coco…no mais…

Atente-se ainda que, na Europa, os países mais pacíficos, mais felizes, com maior bem-estar económico e social são precisamente os que têm um regime de Monarquia: Noruega, Suécia, Dinamarca, Holanda...a própria Espanha é hoje uma potência!

A democracia portuguesa já não é uma democracia, é uma fraude, uma paródia de democracia.

A actual lei do referendo permite que os portugueses se pronunciem sobre vários assuntos, excepto sobre a natureza do próprio regime. Em causa está o artigo 288º alínea b) da Constituição, o qual condiciona a revisão constitucional, pois que impõe que se respeite a forma republicana de governo...foi apenas uma prevençãozinha que os republicanos tiveram quando criaram esta Constituição...espertos...

05 julho, 2007  
Blogger Cleopatra disse...

Na monarquia o "povo" trabalha para que os "monarcas" passeiem e façam grandes festas, com o intuito de "manterem" o povo unido e boqueaberto pela passagem de modelos.
Nos republicanos o "povo" trabalha para que os "republicanos" passeiem e façam grandes festas, com o intuito de "manterem" o povo unido ?? e boqueaberto com toda a podridão que existe nos governantes.
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E continuamos a dizer:
O REI VAI NU!

Nota:
Comentários com qualidade.
Ainda faço um Forum!

05 julho, 2007  
Blogger Um Poema disse...

Este artigo de Guerra Junqueiro parece estar a dar a volta à blogosfera. Nem é necessário perguntar: - Porque será?...

Muito bem dizes: O REI VAI NU!

Um abraço

05 julho, 2007  
Blogger João disse...

O único lapso nas palavras actuais do ilustre amigo Guerra Junqueiro é a data

05 julho, 2007  
Blogger Rui Gonçalves disse...

Sem dúvida que este texto se mantém actualizado....infelizmente.

Parabéns pelo teu blog, razão que sustentou a nomeação no Luar do Deserto.
Parabéns.

05 julho, 2007  

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