CleopatraMoon

Um Mundo à parte onde me refugio e fico ......distante mas muito próxima.

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Sou alguém que escreve por gostar de escrever. Quem escreve não pode censurar o que cria e não pode pensar que alguém o fará. Mesmo que o pense não pode deixar que esse limite o condicione. Senão: Nada feito. Como dizia Alves Redol “ A diferença entre um escritor e um aprendiz, ou um medíocre, é que naquele nunca a paixão se faz retórica.” Sou alguém que gosta de descobrir e gosta de se descobrir. Apontamento: Gosto que pensem que sou parva. Na verdade não o sou. Faço de conta, até ao dia em que permito que percebam o quanto sou inteligente.

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terça-feira, setembro 18, 2007

A Propósito do prémio caneta dourada atribuído pela NI a este Blog decidi escrever este texto.


Pegou na caneta...
Podia usar o teclado mas pegou na caneta de tinta permanente
Era com ela que gostava de lhe escrever
Porque ...porque lhe deixava a alma na caligrafia, o sentir nas palavras escritas de forma mais súbita ou arredondada, em estilete pela firmeza, ou alteadas pelo sonho...soltas pela imaginação...
Deixava-lhe a alma para além das palavras.

Era com a caneta de tinta permanente que lhe escrevia todas as cartas. As de amor, as de raiva que rasgava depois, as de desespero que voltava a ler e a reler e manchava de lágrimas que ficavam de tal forma ilegíveis .....que tinha de as rasgar também.

Pegou na caneta mais uma vez
Ainda se lembrava do que fizera às ultimas cartas que lhe escrevera. Destruira-as uma a uma na "fitinhas" que tinha no gabinete, a mesma que um dia agarrara um colega pela gravata e lha "comera" em três tempos.
Rira-se sem controlo da figura do outro com a gravata cortada ao meio e do comentário expontâneo que lhe fizera perdida de riso :
-Ainda bem que a tua gravata não era de Paris: Tinhas ficado degolado.

Fora o que pensara naquele dia quando destruira as cartas uma a uma, as cartas que ela nunca mais leria e que ele nunca iria ler,......que era como se estivesse a degolar o passado. A destruir tudo... Só que o passado não tem pescoço!...

Pegou na caneta de tinta permanente e esboçou duas ou três palavras na folha de papel branco com o seu timbre profissional ao cimo à esquerda... Seria a ultima carta ?...era uma carta de desabafo...ou seria de despedida?... Não sabia que lhe dizer...
Começou:

"Meu querido Amor"...

Curioso como ainda lhe apetecia chamar-lhe assim...

"Meu querido Amor
Não sei se te enviarei ou não esta carta. Aliás, estou completamente impossibilitada de o fazer dada a distancia, e, no lugar ou nos extremos em que habitamos agora, não há correio que te leve ou entregue esta missiva.
O teu mundo é outro. Aliás o teu mundo sempre foi outro."
............................................

Parou... Teria sido outro? Ou acabara por se tornar outro?
No fundo ela continuava na vida dela... Sempre em frente e para cima, mas por dentro a mesma.
Baixou os olhos novamente e decidiu rasgar.
Não... Não era quilo que lhe iria dizer.
Talvez um bilhete curto.
Algo muito curto. Muito seco, muito definitivo... seria?

Sorriu..Lembrou-se da marca dos cigarros..."Definitivos"... Não era os mesmos que o Bogart fumava no Casablanca? Não não eram.
Que associação!.....Ou eram?

Amarrotou o papel.

Escreveu:

".......................
Deixo-te pequenos pedaços de ti que ficaram comigo.
Não os quero.
Não os poderia dar a ninguém porque os idealizei para ti.
São teus.
Afinal sendo teus são meus.
Uma caixa que guardava cartas. Muitas cartas. Parece-te acriançada porque tem a figura do principezinho...mas é um segredo que talvez ainda saibas desvendar. Um segredo que mantenho e não sei se tu perdeste já.
No fundo acho que não o perdeste...porque o guardaste, e embora pensasses que não sabias ver com o coração, ele viu por ti.
Ficam algumas coisas que mandei fazer para ti de propósito no Natal passado. São únicas ninguém mais tem igual.
Só podiam ser tuas.

Um livro, algumas frases escritas no vidro. Frases que me dedicaste, outras que te escrevi.
As cartas que estavam dentro da caixa destruí-as...na "fitinhas"
Se quiseres podes imaginar o que diziam.
Havia também um perfume mas, reparei que já não o usavas só para mim e despejei o frasco num sítio onde costumava ir contigo...Quando lá volto, imagino que lá vais de vez enquando. Para isso lá deixei o nosso aroma. ( Sei que não vais lá. Ou irás?)

Nunca serás feliz com o teu admirável mundo novo se ele não me contiver.
Por mim... Continuo com tudo o que é meu. O que é meu ninguém pode ter.
Mesmo que penses que já não o é. É imutável. Isso nunca poderás impedir.

PS:- Outra coisa ainda, o Poema era para ti.
PS 2: -Ah! E podes deitar tudo fora. Afinal é tudo teu.



Assinou
Releu
Sim. Dizia tudo ...ou nada . Dependia do olhar com que a lêsse, da alma com que a visse , do coração com que a sentisse e desvendasse. Afinal nem precisava de ter escrito nada.
Provavelmente ele nem iria ler. Tinha outros horizontes. Provavelmente ...

Desdobrou o papel que amarrotara antes e releu-o também...

"Meu querido Amor"

Uma lágrima riscou-lhe o rosto e queimou-lhe a alma...."Meu querido Amor"..... Dobrou-o mesmo amarrotado e guardou-o num envelope ...

ACCB
-
( No tempo em que o desconhecer ocupa a alma)

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14 Comentários:

Blogger Ni disse...

..............
...

Hoje... a leitura desta tua «Carta de Amor» tirou-me o fôlego!
Visual, 'intensamente intensa', com ritmos diferenciados... e palavras com sons murmurados, secretos, sagrados...
...

De uma beleza dificilmente atingível...

Emocionaste-me.

Ni*

19 setembro, 2007  
Blogger O Árabe disse...

Belo texto... bem mostra quanto mereces a dourada caneta! ;)

19 setembro, 2007  
Blogger LUA DE LOBOS disse...

neste momento nunca conseguiria ser tão transparente e deixar vir ao de cima qualquer tipo de sentimentos:)
Os meu Parabens por tudo!!!
xi muito apertado
maria de são pedro

19 setembro, 2007  
Blogger £ou¢o Ðe £Î§ßoa disse...

"Meu querido amor"

(Foi como se tivesses colocado selo... algures haverá quem rasgue o envelope para se saciar do teu sentir)

Gosto do teu lado esquerdo...

19 setembro, 2007  
Blogger Catarina Alves disse...

Uma carta que vai directamente ao coração e à alma de quem a lê...
...tão bonito.

Merecido prémio!

Nani (também com com cartas de amor)

19 setembro, 2007  
Blogger Apenas um homem disse...

Vês como és premiada com justiça? O teu texto é muito lindo.
Beijos

19 setembro, 2007  
Blogger Rodolfo N disse...

Hermosas palabra dirigidas al corazón.Lo mas bello que se puede escribir.
Beijos

19 setembro, 2007  
Blogger redonda disse...

Interessou-me saber mais, enquanto pensava que ela não lhe deveria escrever...

20 setembro, 2007  
Blogger Rodolfo N disse...

Cleopatra ,gracias por el post de tango.
Gracias por publicar el poema!
Mil Beijos!!!

20 setembro, 2007  
Anonymous Anónimo disse...

Tanto amor derramado pela boca dessa caneta. Assim fosse a pena do nosso legislador!

Desejo-te um dia agradável Imperatriz do Egipto.

Fernando

20 setembro, 2007  
Blogger Pecadormeconfesso disse...

Só um aparo de ouro escreveria assim.Voltaste a escrever com a alma.

20 setembro, 2007  
Blogger redonda disse...

Bem... enquanto lia eu estava a pensar que era melhor que ela não lhe escrevesse...que o que ela lhe queria dizer com aquelas palavras, seria melhor dito sem elas, talvez apenas com o silêncio...

21 setembro, 2007  
Blogger Apache disse...

Era de ouro, a caneta? A mim parecem-me de ouro, as palavras.

22 setembro, 2007  
Blogger M@nza disse...

Agora são garinpeiros ?...
uHnmm só falm no ouro, não interessa se do aparo (24K) se das palavras (24K +1) porque só a mão pode escrever e os ditos "neurónios" ajudarem a mão a correr a folhas e fazê-la expressar através de hieróglifos tão belas letras , que juntas forma~m palavras e noconjunto um belo texto.
uma boa semana

25 setembro, 2007  

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