CleopatraMoon

Um Mundo à parte onde me refugio e fico ......distante mas muito próxima.

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Sou alguém que escreve por gostar de escrever. Quem escreve não pode censurar o que cria e não pode pensar que alguém o fará. Mesmo que o pense não pode deixar que esse limite o condicione. Senão: Nada feito. Como dizia Alves Redol “ A diferença entre um escritor e um aprendiz, ou um medíocre, é que naquele nunca a paixão se faz retórica.” Sou alguém que gosta de descobrir e gosta de se descobrir. Apontamento: Gosto que pensem que sou parva. Na verdade não o sou. Faço de conta, até ao dia em que permito que percebam o quanto sou inteligente.

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sexta-feira, abril 13, 2007

Há dias em conversa com um colega e amigo ( que gosta de escrever e, estudar os segredos do Direito, ) dizia-me ele, que não é nada de poesias, que todos os poetas escrevem sobre o Mar.

Todos gostam de falar sobre o Mar... mas sempre visto de fora. O mar à volta... como cenário idílico...Mas sempre o mar como algo externo, algo exterior. Em que se penetra, que se domina ou nos domina, mas que nunca é, nós próprios ou o próprio escritor.

E dizia ele:
-Num Mundo em que cada vez mais se percebe que tudo é liquido e tem origem e destino na liquidez... nunca ninguém escreveu sobre isso.
O mar aparece sempre ao lado de quem escreve, de quem ama. Nunca como fazendo parte dele próprio.

Pareceu-me que não teria razão. Pensei que na verdade não era assim. Que, quem escreve e coloca o mar como cenário, faz parte do cenário... e o cenário, dele mesmo.
Prometi-lhe que lhe arranjaria algo que falasse disso. Que iria procurar em poetas mais novos.
Falámos da Mensagem de Fernando Pessoa. Relembramos o gosto pelo mar da Sophia...
Das Ninfas do Tejo de Camões, as Tájides...
Mas não.
Na realidade, não encontrámos nada em que mar e escritor fossem um só.
Eu juro que procurei. Mas não encontrei.
É verdade que o corpo humano é constituído por 70% de água..
As águas cobrem 70% da superfície da Terra e 97,4% da água do planeta é salgada.
Tentei...(é mesmo só uma tentativa) escrever um pequeno texto que mostrasse que quando alguém fala do mar se sente o próprio Mar para além de sentir o Mar. É o mar!
Ou que o falar do mar só por si implica sentir-se completo com ele.
Pois...não é a mesma coisa já vi. Mas devia ser.

Aqui vai a tentativa:

_______________



Passo a passo saúdo a maré
Enquanto me diluo no mar........
O ar da manhã sussurra em volta e deixa de existir
Quando eu e o elemento liquido nos fundimos num só.

-
A Madrugada beija o Dia,
Diz-lhe Adeus
E no elemento natural que é o meu
Na liquidez da minha existência
Observo a separação
Que lentamente se transforma.
-
Mais tarde , o Sol mergulhará nas águas ... em mim.
Nos dilúvios do meu sentir
Na tempestade dos meus olhos
Nas marés das minhas mãos
Nos oceanos de sentimentos que sou eu
Nos rios de ternura que me correm nas veias
Nas serenas águas dos meus lábios
E nas torrentes salgadas das minhas lágrimas quando existem
-
O Dia procurará a Madrugada durante a Noite...
-
Até lá, o pedacinho de Mar que sou Eu
Avança ao Sol pelo elemento sólido...
Nem o fogo que incendiará a tarde
Poderá fragmentar esta ......natureza.
-

ACCB

Mar,

Metade da minha alma é feita de maresia.

Atlântico, p. 9

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

5 Comentários:

Blogger o sibilo da serpente disse...

eu, como não sei escrever assim, digo que sou um peixe.

13 abril, 2007  
Blogger Sem Penas disse...

Bonito poema.
Julgo que a tentativa foi plenamente conseguida.
O mais próximo que conhecia era o poema “Mar” de Sophia de Mello Breyner Andressen

“I
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

II
Mar, metade da minha alma é feita de maresia,
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profanado e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

III
Embora o teu corpo às vezes se contorça
Numa oscilação incerta e vaga,
Sei como é intacta e pura a tua força,
Sei como é absoluta a harmonia,
Que regressando nasce em cada vaga.

No infinito sorriso das espumas,
No chamar da maresia, no convite das brumas,
Na exaltação de cada maré cheia,
No teu ritmo de dança e bebedeira,
O que eu procuro e encontro extasiada,
É a tua alma viva, nunca profanada.

IV
Cheiro a terra as árvores e o vento
Que a Primavera enche de perfumes
Mas neles só quero e só procuro
A selvagem exalação das ondas
Subindo para os astros como um grito puro.”

13 abril, 2007  
Blogger ferreira disse...

«Homem livre, tu sempre gostarás do Mar».
Bom fim de semana-:)

14 abril, 2007  
Blogger Cleopatra disse...

Então não é Leão JC?

14 abril, 2007  
Blogger o sibilo da serpente disse...

Leão de signo.

15 abril, 2007  

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