CleopatraMoon

Um Mundo à parte onde me refugio e fico ......distante mas muito próxima.

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Localização: LISBOA, Portugal

Sou alguém que escreve por gostar de escrever. Quem escreve não pode censurar o que cria e não pode pensar que alguém o fará. Mesmo que o pense não pode deixar que esse limite o condicione. Senão: Nada feito. Como dizia Alves Redol “ A diferença entre um escritor e um aprendiz, ou um medíocre, é que naquele nunca a paixão se faz retórica.” Sou alguém que gosta de descobrir e gosta de se descobrir. Apontamento: Gosto que pensem que sou parva. Na verdade não o sou. Faço de conta, até ao dia em que permito que percebam o quanto sou inteligente.

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quinta-feira, janeiro 18, 2007

Era uma vez uma menina de nome Esmeralda.....


Olá...
Eu sou a Esmeralda
Correspondo a uma fórmula, tenho uma composição, densidade, dureza,... Transparência não. Mas tenho cor.
Não sou uma pedra preciosa.
(Pelo menos por enquanto)
Não sou a deusa sagrada dos Incas nem a pedra que, segundo os Egípcios, estava ligada à fertilidade e ao renascimento.
Nem a pedra que cura a doença dos olhos também segundo esse povo...
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Sou uma criança de 5 anos.
Pequenina como todas as crianças de 5 anos.
De repente percebi que falavam de mim , na televisão...como falam das "Pistas da Blue" .
O meu pai não o vejo há alguns dias.Como ele é militar deve ter ido em missão.
Os militares vão de vez enquando em missão, para outros países estranhos e de costumes diferentes onde há crianças que não têm água para beber e têm muitas doenças e muitas moscas em cima delas, porque não têm pai, e "às vezes", nem têm mãe.
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A mãezinha diz que ele volta quando acabar o trabalho que foi fazer, mas que vai demorar muito.
Não sei o que se passa ao certo porque, a mãe, não quis ficar em casa comigo como é costume e, viemos para uma casa de que eu não gosto tanto como da minha.
Aqui não tenho o meu quarto, nem os meus brinquedos , nem o cheiro das minhas coisas.
Eu gosto do cheiro da minha casa.
Quando regresso da praia de férias, a minha casa parece sempre nova, e vou sempre a correr ao meu quarto para ver se ele lá está e, o cheiro dele também.
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O Paizinho é muito meiguinho comigo e eu tenho saudades dele.
Quando era mais bébé não sentia muito a falta dele, mas da mãe sim e do colinho na hora do biberão e do sono....de dia e de noite...
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Quando o pai vai em missão costuma telefonar. Ainda não telefonou.
Deve ser uma terra bem longe!
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Ontem ouvi dizer que tenho uma mãe que se chama biológica . Não sei o que é isso mas só conheço a minha mãe. A que me mudou as fraldinhas, deu o leitinho, as primeiras papinhas e os miminhos todos de noite e de dia.
Deve ser isso que é uma mãe biológica.
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Os miminhos são tão doces e quentinhos!...
Agora ando a aprender a juntar as letras com ela...É que eu já sei contar!!
Gosto do colo da mãe, mas ela desde que o pai saiu anda muito triste.
Dá-me colinho mas diz que está cansada e chora muito.
Deve ser do paizinho não estar e não ter telefonado ainda.
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Eu gosto do colo dele!
É forte e alto.
Lá em cima vejo tudo!
Por vezes e põe-me " às cavalitas" e corre e salta!
É bom!
Faz-me vento na barriga e dá-me vontade de rir...
Há vezes que até choro a rir!!
Tenho uma bicicleta.
Deu-ma o Menino Jesus no Natal. Ando a aprender...mas o pai tem mais paciência e força. A Mãe fica cansada de ter de empurrar e prefere ficar a ver.
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Não sei como vamos fazer sem ele cá.
Também ouvi na televisão que há um senhor, que uma senhora chamada Justiça, diz que é meu pai biológico.
Não sei nada disto.
Não o conheço só vi a imagem por acaso e não é o meu pai não senhora! O meu pai eu sei bem quem é.
A Tal senhora chamada Justiça, deve ter feito confusão ou, então, não sabe mesmo quem é o meu pai.
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Quando o pai não está, é a mãe que me conta as histórias todas as noites.
As histórias do pai são sempre inventadas por ele... são bem mais complicadas e têm sempre muitas confusões e novidades.
Tenho medo e fazem-me rir!
Gosto de ter medo!!!!
Dá arrepios na barriga.
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Os Jornais chamam a esta confusão que alguem arranjou por passarem umas filmagens de umas pessoas que não são nem o meu pai nem a minha mãe, um conflito da Justiça.
Provavelmente essa senhora está baralhada por ter tantos livros de histórias grandes e complicadas para ler.
Provavelmente nunca leu livros de histórias dos meus...
E não sabe que eu já estou esclarecida sobre quem são os meus pais.
Que confusão!
.
Eu não quero saber se a tal senhora tem conflitos com os pais, ou a televisão se engana a passar as fotografias dos meus pais... quero que o paizinho volte depressa e a mãe deixe de estar triste e cansada, para eu poder brincar e rir como gosto.
E quero voltar para o meu quarto...
Aqui "não cheira a mãe" em todo lado..
Nem os dias amanhecem pela janela com o beijo do pai, quando sai para o trabalho e eu nem abro os olhos, mas sinto o cheiro dele...
Aqui a mãe não tem o nosso cantinho de brincadeira em que jogamos ao faz de conta que....
Porque hão-de chamar biológicos aos meus pais?
.
Eles chamam-se como todos os pais. Têm um nome vulgar. Normal.
Ora... Biológico, é lá nome de pai ou de mãe!
.
ACCB


( Porque este post tem sido alvo de pedidos de cópias é bom que leve junto a nota de que foi escrito, imaginando-se pensado por uma criança de 5 anos ,que nada percebe de um Mundo de leis e de adultos e que, neste momento, apenas se impõe encontrar a melhor solução para ela, no seu interesse e apenas com os olhos postos nesse interesse que é o dela, apenas o dela.)

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19 Comentários:

Blogger £ou¢o Ðe £Î§ßoa disse...

Se o factor biológico fosse a face mais humana para criar laços, deixariamos de ser animais racionais e passariamos a ser animais irracionais...

Não entendo porque não entendem que biológico não é sinónimo de AMOR!
Tenho para mim que "eles" não sabem o que é Amor...

Até outro instante...

19 janeiro, 2007  
Blogger Joker disse...

Contradições dificeis de entender por nós adultos e ainda mais dificeis de explicar a uma menina de 5 anos!
Enfim...
Prevalece o lado frio, aquele que apregoamos à boca cheia ser o menos importante nas relações interpessoais...
Pergunto-me onde querem encaixar o Amor no meio destas decisões todas que dissem ser o melhor para a criança...
Agora fiquei triste, tenho que ira ali espairecer...Preciso encontrar um sorriso rápidamente!

19 janeiro, 2007  
Blogger LUA DE LOBOS disse...

Cleo peço-te autorização para transcrever este post para o meu blog.
Passei por uma situação semelhante que se arrastou um ano até ser feita justiça e não hesitei em sumir com a minha filha arriscando-me a ser presa e apodrecer na cadeia um ano.
Que Deus dê muita força a quem luta por inocentes.A Humanidade precisa de exemplos destes para se lembrar que o Amor tem que ter lugar nas nossas vidas
Maria de São Pedro

19 janeiro, 2007  
Blogger ALG disse...

Olá Cleopatra, parabéns pela carta, muito bem escrita e que nos dá uma percepção do que poderá ser o ponto de vista da Esmeralda.
Mas, e sei que, este mas mae faz parecer insensível, já alguém pensou igualmente e sériamente no que estará a sentir o pai biológico? Pura e simplesmente é de o afastar e ignorar a sua existência?
Ainda não percebi bem, confesso, se contribuíu para esta situação, ou se também ele foi "vitíma" da situação, e que quando soube da existência de uma filha sua, fez o que eu também faria, dizer-lhe que existia e que queria ter oportunidade de a conhecer, de lhe conhecer o sorriso, de lhe contar histórias, de lhe pegar ao colo, de brincar com ela, etc.
Parece-me redutor, "apagá-lo" pura e simplesmente da realidade.
A Esmeralda tem e deve de ser protegida ao máximo, concordo, por isso entendo que não se deveria ter solucionado o caso com uma decisão do tipo, entregue-se a menina ao pai biológico, sem mais!
Mas porquer não estabelecer um período de contacto com o pai biológico, mantendo-se a menina com o casal que conhece como pais, sempre com acompanhamento especializado de modo a ser tomada uma decisão mais fundamentadada e de acordo com o interesse da criança.
Esta matéria é de facto complexa, mas devemos observar todos os elementos em questão, nunca perdendo de vista, o que realmente importa, a Esmeralda!

19 janeiro, 2007  
Blogger C.M. disse...

Ainda bem que a Cleo é uma mulher vertical e reconhece onde está a Verdade e a Justiça...

Haja ao menos uma Magistrada,neste Portugal, digna desse nome!

Os colegas de profissão andam sem norte...

Um texto seu lindíssimo!

Estou rendido!

19 janeiro, 2007  
Blogger C.M. disse...

Lua de Lobos: Amen!

Ah! já agora, vide discussão no Anónimo....pronto, já lancei gasolina para a fogueira...paciência!

19 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse...

A «fabula» apresentada está na onda. Muito me admiro que a Cleopatra, com toda a sua experiência, não tenha esperado para ver as nozes além das vozes. Quantas vezes a comunicação social constroi um «caso», pouco se importando com as consequências para terceiros, apenas porque precisa deles para viver ? Não é a estória ao lado da «fábula» uma dessas situações ?
Sendo as coisas tão lineares como as apresenta a fábula teriam as coisas corrido da mesma maneira ? Claro que não. E a Cleopatra sabe-o.
Já é conhecido o texto do acórdão do caso «parecido» com o que aqui se conta. Veja-se, pondere-se e ajuíze-se.
Lamentável, minha cara, lamentável

19 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse...

Hipótese: Branquinha entrou na Maternidade Alfredo da Costa e rapinou uma bebé que lá se encontrava, levando-a para casa e passou a tratar dela como se fosse sua filha. A criança, que é sempre bem tratada, afeiçoa-se a ela. Um ano depois descobre-se onde está a criança e os pais biológicos começam a querer recuperá-la. Branquinha, que é pessoa bem relacionada, empata a coisa e quando a criancinha já tem 5 anos de idade lá vêm uns doutores dizer que a menina se for tirada à mãe rapinadora vai sofrer um bocado. Que se faz? Entrega-se a criança aos pais biológicos ou legaliza-se o furto da criança ?

19 janeiro, 2007  
Blogger C.M. disse...

Mas o que é que tem o caso da "Branquinha" com o actual? Acaso é semelhante?!!!

Espero que Vexa não seja juíz, pois até fico horrorizado com o seu enviesado raciocínio!

Quanto ao texto do Acórdão, é uma vergonha! Tendencioso e errado sob o ponto de vista da qualificação jurídica.

Fábulas são aquelas que os magistrados, na sua cegueira de positivistas ( no pior sentido do termo) querem vender ao povo ignorante!

Afinal, há alguns magistrados que apenas aplicam a lei sem qualquer rasgo de génio, que permita, num caso concreto, salvaguadar os valores qu a lei pretende salvaguardar. E o valor que está aqui em causa é o bem da criança e não os "interesses" de um mero "pai" biológico, tosco ignaro e inconsciente. Veja os comentários no "Anónimo".

A Magistratura, com este caso, caíu, definitivamente em descrédito. Bateu no fundo! Pena é que "ele" há bons juízes, mas pelos erros grosseiros de uns paga toda a classe!

19 janeiro, 2007  
Blogger Cleopatra disse...

Caríssimo Joeiro
Por agora só lhe deixo esta resposta e ainda não lamento nada por enquanto.

ESta deixei-a no Anónimo -http://oanonimoanonimo.blogspot.com/


Talvez depois de a ler, perceba porque, por enquanto ainda não lamento NADA do que aqui escrevi.

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Cleopatra disse... http://oanonimoanonimo.blogspot.com/

Não gosto do termo "parece" nem do termo : - "segundo parece"...
Costumo dizer às minhas testemunhas que só quero o que é... não o que parece.

Assim sendo..
E porque por agora só parece...
Fiquei-me, EU JUIZ, por um texto em que penso que o que é realmente,
é que a Esmeralda nesta altura deve estar perfeitamente aterrorizada e, está a ser totalmente ignorada, como se fôsse um imóvel , uma quantia em dinheiro, uma herança, um contrato de arrendamento, uma venda , uma usucapião...

Desculpem... mas não consigo deixar de pensar no ponto de vista dela...

Ai se ela "tivesse voto nesta matéria".

Sexta-feira, Janeiro 19, 2007
_____________
É que, meu caro, a cabecinha daquela criança, está-se completamente nas tintas para as regras do Direito que se aplicam neste ou/e naquele Tribunal...
Ela não percebe nada do que é um crime de sequestro, também não sabe o que é um crime de desobediência a uma ordem de um Tribunal, também não percebe porque é que a mãe biológica não a quis ou não pode ficar com ela, nem porque é que o pai biológico duvidou que era pai dela, nem percebe porque é que regularam um poder paternal e ao mesmo tempo deram andamento a uma adopção... ....


Nem tem que perceber!
Percebe qual é o ponto de vista? Percebe?

20 janeiro, 2007  
Blogger G.R. disse...

Um belo e comovente post!

20 janeiro, 2007  
Blogger Brandybuck disse...

Talvez o António Lisboa Cabral se refira ao acompanhamento especializado que deixa morrer crianças por maus tratos.

20 janeiro, 2007  
Blogger Gasel disse...

Já agora... pode mudar o nome para Ana Filipa. è que a Esmeralda já não se chama Esmeralda, chama-se Ana Filpa!

21 janeiro, 2007  
Blogger Leonor disse...

Quando li este exto achei que ele era prematuro por conter um juízo de valor notoriamente a favor dos pais adoptivos. Depois de ler o acordão fico a saber que não existem pais adoptivos e a posse da criança se deve a mera tolerância maternal, contra a vontade paternal e em clara violação duma decisão judicial proferida no âmbito dum processo de regulação do poder paternal.
Tudo isto é lamentável e serve para demonstrar o desempenho do MP, a manifesta descoordenação na informação que supostamente deveria ter veiculado entre os magistrados dos vários processos, e não aconteceu não obstante o sistema informático e o acesso daqueles ao mesmo, e a incapacidade dos tribunais para executar as decisões que profere permitindo por via disso, ao protelar a inexiquibilidade destas, que determinada menor deixe de ser entregue ao pai biológico quando tem 1 ano e alguns meses de idade e passe a ser entregue quando já tem 5 anos. Tudo isto com enorme prejuizo para a menor que deveria ser o centro das preocupações do Tribunal.
Pode alguém sentir-se legitimado a subtrair-se à justiça por efeito de carinhos ou afectos que presta a menor que detém no tempo em consequência de sucessivas desobdiências e habilidosos estratagemas de alteração de residências?

21 janeiro, 2007  
Blogger Cleopatra disse...

Olá Incrédula
Quis dar-lhe os parabéns pela sua chegada à blogoesfera.
E quis ser a primeira.
Não consegui postar.
Fica aqui.

Este texto não contém nenhum juízo de valor relativamente a ni guém em particular.
Apenas a todos os adultos encolvidos, técnicos e não técniocs e é um APELO para que não esqueçamos a pequenita.

Engraçado que é a Primeira a falar no desempenho do MP:
O curador de menores, aquele que entre outros deveres tem o de zelar pelos menores...

E diz:
"Tudo isto com enorme prejuizo para a menor que deveria ser o centro das preocupações do Tribunal. "

Obrigada por concordar!
Volte sempre e desbloqueie os seus comentários!

AH e esquecia-me : Não deve... mas pode. Há razões que a razão desconhece. Daí não ser um crime de sequestro mas outro provavelmente..........

22 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse...

Olá Cleo
Belo post!

Já li o tal Acórdão transcrito e muito bem no blog "IN VERBIS" que nos permite ter uma imagem mais real do que realmente se passou no desenrolar do processo.
Também li os vários comentários em que cada um "postou" a sua opinião.
Pelo que li o único "partido" que tomou foi o da Esmeralda que agora segundo o "GASEL" diz chama-se ANA FILIPA.
Este texto "imagina" o que a tal menina teria escrito caso estivesse habilitada a escrever e que pode ser uma carta modelo de todoas as meninas ou meninos que passam pelo mesmo , mas que não são relatados na CS, talvez porque não possuem "cunhas" nesse mesmos órgãos CS.
Este texto merecia a publicação na primeira página de um qualquer OCS, ou até servir de mote ou hino às crianças carentes.
..
Excelente postagem.
...
PS: Será que a PJ não sabe realmente onde se encontra a criança??? O sargento Luís Gomes não fala com a mulher e a sua "filha"??? Não levantam dinheiro? não vão às compras para a "filha"????
Uhmmmmmmmmm aqui há gato e espero que não seja fedorento...

22 janeiro, 2007  
Blogger C.M. disse...

Hoje, Segunda-Feira, 22 de Janeiro, na RTP 1 – no programa “PRÓS E CONTRAS” vamos ouvir a Drª Dulce Rocha, a qual vai, certamente, por a nu todos os podres do julgamento (?) de Luís Gomes, o Sargento que se recusou a entregar a sua Esmeralda a um desconhecido…

O Tribunal Judicial de Torres Novas foi palco, com efeito, de um julgamento que esteve sob a batuta de Fernanda Ventura a qual, ao que parece, até rasgou a partitura… pena que não possa aqui colocar uns factos relativos a essa senhora…mas talvez, logo à noite, se venha a saber alguma coisa (não muita certamente, que há factos que não se podem dizer em público, até por uma questão de decoro…).

22 janeiro, 2007  
Blogger Cleopatra disse...

Pode sempre copiar, sendo certo que foi a Esmeralda quem a escreveu.

Ou melhor, escrevi-a eu, imaginando o que vai naquela cabecita.

24 janeiro, 2007  
Blogger Cleopatra disse...

Olá Manza.
Finalmente alguém percebeu perfeitamente este post e a sua intenção.

UFFFFFFFFFF que alívio.!!!

24 janeiro, 2007  

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