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Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
*
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
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Miguel Torga
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Poeta, ensaísta, dramaturgo, romancista e contista.
Proposto duas vezes para Nobel da Literatura Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, São Martinho de Anta - Vila Real, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995)
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5 Comentários:
12AGO07
Grande poeta que nos deixou hà bem pouco tempo (1995), que se fosse vivo hoje completaria um Século.
Presto a minha modesta homenagem com um dos seus muitos poemas:
"Porque
não vens agora, que te quero
E adias esta urgência?
Prometes-me o futuro e eu desespero
O futuro é o disfarce da impotência...."
Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais.
A sombra do alento é o desalento
O desejo o imite dos mortais.
matar a sede com água salgada....
Linda, a tua homenagem!
Beijo de Gata. Boa semana.
"Prometes-me o futuro e eu desespero
O futuro é o disfarce da impotência...."
Hoje, aqui, já, neste momento,
Ou nunca mais"
É isso Manza que diz o Miguel Agora ou nunca mais.
Um dos muitos injustiçados pela Academia Sueca.
Não tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...
(Só a negar-te eu pudesse combater
O terror de te ver
Em toda a parte.)
Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado
E paciente...
E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.
Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...
Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par na teimosia.
Miguel Torga
Antologia Poética
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1999
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