"Pondero.
Andar por aqui, suscita as malfeitorias dos velhos inimigos, que vêem na exposição uma forma de tirar desforço. Andar por aqui, suscita a curiosidade demencial de fundamentalistas da demência, que também tiram desforço, sem saberem bem porquê. E, por isso, às vezes hesito.
Depois, quando regresso a mim, cresce a vontade de prosseguir. Lembro-me de todos os bons que conheci por aqui.
Dos amigos que recuperei.
Dos amigos que cimentei.
Ou redescobri.
Dos amigos novos que ganhei.
Há pessoas com quem hoje converso, conversas boas, e que nunca vi, que não sei quem são, e com quem converso como se nos conhecêssemos desde sempre e, afinal, sempre nos conhecemos das palavras e do sentido que elas têm.
Sem jogos.
Já aqui escrevemos textos a várias mãos.
Pessoas que nunca se viram, a escrever sobre as mesmas coisas, como se fossem palavras cruzadas (entrelaçadas palavras), cada uma com as suas mundividências.
Sobre as coisas simples da vida e sobre outras mais importantes que também são simples.
Essa é a minha riqueza e a riquezas delas.
Cada um de nós com a sua vida, vidas por vezes incompatíveis, adversários se nos encontrarmos na vida real, a das profissões, aquela em que cada um de nós assume a sua função e a fará o melhor que sabe, sem contemplações.
Porque só assim continuaremos a respeitar-nos e poderemos continuar a ser amigos, ainda que à distância.
Nenhum de nós quer dos outros mais do que isso - mais do que solidariedade, quando esbarramos contra a malfeitoria e a demência.
E, quanto a isso, não posso queixar-me. Obrigado, companheiros."
-
JMCR-
Porque gostei do texto.
Porque também eu muitas vezes pondero em ficar ou continuar, ou não, por aqui.
Porque chego sempre à conclusão de que ninguém merece a alegria de que me retire.
Porque este texto é um Hino às coisas pequenas e simples da Vida que, contudo a fazem tão GRANDE!
5 Comentários:
Concordo consigo.
Bonito...
obrigado eu, caríssima :-)
O saber das distancias ainda que próximo e da proximidade ainda que obrigatoriamente distant, é ua arte que se aprende com a Vida, mas é algo que faz parte da nossa intuição também.
Cada um de nós com a sua vida, vidas por vezes incompatíveis, adversários se nos encontrarmos na vida real, a das profissões, aquela em que cada um de nós assume a sua função e a fará o melhor que sabe, sem contemplações.
"Porque só assim continuaremos a respeitar-nos e poderemos continuar a ser amigos, ainda que à distância.
Nenhum de nós quer dos outros mais do que isso - mais do que solidariedade, quando esbarramos contra a malfeitoria e a demência."
È este um dos segredos dos que sabem ser amigos ou se reconhecem iguais sem se absorverem.
Ainda lhe digo mais, "este texto é um Hino às coisas pequenas e simples da Vida que, contudo a fazem tão GRANDE!"
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