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É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem "
Sophia de Mello Breyner Andresen
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Há dias um amigo comentava comigo que eu vivia tudo intensamente.Demasiado intensamente.Que não podia ser assim.Que tudo na vida é relativo e que é um desgaste sentir tanto, TODA a Vida.
Respondi-lhe que não sabia viver de outra forma. Que não fazia o meu género.Que vivi sempre com intensidade e que, embora sabendo que é desgastante, também sabia que não sabia ser de outra forma.
Dizia ele:
-Sabes, nada é eterno. Tudo tem um fim. Tudo é efémero. Os sentimentos , as pessoas, as zangas, as alegrias, as tristezas... O Amor.
-Que não - disse-lhe eu - Na vida busquei e busco sempre o que é eterno. Só assim sei ser. Tudo é eterno para mim,. Principalmente o Amor. O amor. Não me refiro ao sexo. Refiro-me mesmo ao Amor! Aquilo que sentimos "apesar de" e não "porque".Entendem? O Amor. O Amor mesmo com todos os defeitos, tiques, manias, fracassos,....mesmo com isso. Percebem? Estão a ver?
( Isto já parece o gato fedorento!)
Só deixa de amar quem nunca amou. Não se pode amar hoje e, amanhã, como num passe de mágica deixar de amar.
O que eu penso é que há pessoas que não sabem amar. Uma verdadeira desgraça. E não sabem deixar-se amar.
Então inventam desculpas, dizem que... são marginais nessas coisas, colocam- se um rótulo de marginais, no sentido de superiores, mais intensos e mais sábios, mais perfeitos, mais supremos, mais no Olimpo e, dizem que os outros criam sempre qualquer coisa, qualquer mal estar, qualquer fricção, qualquer instabilidade... Sim... e deixam de amar coitados.É uma pena.
Tenho para mim que são crianças frustradas, ou demasiado mimadas ou nunca amadas. Os outros são sempre os culpados dos seus fiascos. Viver com frustrações ou dificuldades é culpa alheia. Eles são perfeitos. Essa coisa da imperfeição, das chatices, dos "stresses" do quotidiano é para os outros e são os outros que os criam.
É. Ao estilo do filósofo existencialista francês Jean Paul Sartre na sua célebre conclusão: - "O Inferno são os outros!"
Claro! Os outros. os espelhos da nossa alma. E principalmente os que nos amam e nos dizem por isso mesmo o que não gostam.O que em nós é egoísta, inseguro egocêntrico. E que em nós se serve dos outros e depois os larga à deriva... O que em nós não presta.
Não precisamos de mais ninguém para sermos infelizes a não ser dos outros.
A solidão tem as suas dores, deixa-nos secos, irracionais e insensíveis. Mas oferece nos uma enorme vantagem:
Não ameaça as imagens que cultivamos a nosso próprio respeito, não ameaça o nosso ego. Os outros sim , mas enquanto não nos conhecem bem por dentro. O Outro expõe-nos como um espelho ( da Bruxa da Branca de Neve talvez) o que somos e não queremos saber, nem aceitar que somos.
E que quando descobrimos que os outros conhecem, tentamos esconder fugindo, porque a coragem de perceber que nos amam ou podem amar "apesar de"...não existe. Simplesmente porque essas pessoas não se sabem deixar amar.
É por isso que vivo na intensidade de sentir que tudo é eterno para mim. Simplesmente porque quando amo, logo existo , simplesmente porque só existo quando amo. Simplesmente porque amo. E simplesmente porque se ama "apesar de".
ACCB
2.3.07
“Nenhum de nós pode salvar-se sozinho; ou nos perdemos de uma vez juntos, ou nos salvamos juntos.” (Garcin)
Etiquetas: textos
26 Comentários:
«Eu Hei-de Amar Uma Pedra ...»
O António Lobo Antunes lá dizia e teimava...
É uma canção tipica alentejana também...
Mas olhe que nas "Cartas de Guerra" a primeira mulher, com o devido respeito , quase era uma pedra perante os escritos maravilhosos que ele lhe dirigia.
Amava-a de certeza....
Um ama sempre mais que outro!
Oi eu e a MDB propomos um desafio :o)
Bjs TG
"Não se Ama uma Pedra.
Amar é reconhecer nos outros um ser misterioso, e não um objecto - tu eras uma vibração à tua volta, não a estreita presença de um corpo. Aqueles que não amamos nem odiamos são nítidos como uma pedra. Sentir neles uma pessoa é começar a amar ou a odiá-los. Só amamos ou odiamos quem é vivo para nós."
Vergilio Ferreira, in "Estrela Polar"
...
Por vezes amamos uma pedra, mas insistimos em esperar o pulsar de vida do afecto... que não teve, não tem e não terá.
Cleópatra... bonito post... mas 'os eucaliptos' aniquilam mesmo os campos férteis. O CR tem total razão!
Só muito carinho, tempo, dedicação, poderiam fazer acontecer, de novo, a Primavera para muitas pessoas.
E já quase ninguém tem tempo para investir em alguém. O egocentrismo impõe-se, nesta sociedade do culto do 'fast'. As pessoas surgem como 'descartáveis'. E como eu ainda gosto de refeições numa mesa com toalha bordada... com comida cozinhada lentamente e com carinho... hélas...
E mais não digo, porque estou doentinha e febril e fico triste... e digo 'coisas feias'.
Ni*
"Só muito carinho, tempo, dedicação, poderiam fazer acontecer, de novo, a Primavera para muitas pessoas.
E já quase ninguém tem tempo para investir em alguém. O egocentrismo impõe-se, nesta sociedade do culto do 'fast'. As pessoas surgem como 'descartáveis'. E como eu ainda gosto de refeições numa mesa com toalha bordada... com comida cozinhada lentamente e com carinho... hélas..."
è por isso que eu ainda gosto de estender uma tolaha sentar calmamanet e exigir... exigir... que saibam saborear... aprendam a saborear ...Para ter o parzer de saborear com quem eu quero que aprenda...
Não estou febril.
Estou.... como sou!
Provavelmente senil.
Bj e as melhoras NI!
Sobre as pedras
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Eu não quero mais saber
desse vislumbre de estátua,
de um corpo cinzelado
no ar vazio que mata.
Desse olhar côr de céu,
olhar moldado na pedra
por outro laguém que não eu.
Eu não quero mais saber
de uma mão firme que é fria,
como a morte a destempo
que destrói a poesia.
Desses beijos sem ternura,
desses abraços sem força,
dicionário sem ternura.
Eu não quero mais saber
de uma esfinge que é bela,
mas que é apenas esboço
riscado à força na tela.
Do coração que não pulsa,
que esvoaça sem fim,
ave de sas quebradas
que já não chega a mim.
(...)
Tadinha da NI. Deixe lá, toca a todos, mas passa. Espero que passe depressa.
TU ERES LA TRISTEZA DE MIS OJOS
QUE LLORAN EN SILENCIO POR TU AMOR
ME MIRO EN EL ESPEJO Y VEO EN MI ROSTRO
EL TIEMPO QUE HE SUFRIDO POR TU ADIOS
OBLIGO A QUE TE OLVIDE EL PENSAMIENTO
PUES SIEMPRE ESTOY PENSANDO EN EL AYER
PREFIERO ESATR DORMIDA QUE DESPIERTA
DE TANTO QUE ME DUELE QUE NO ESTES
COMO QUISIERA HAY QUE TU VIVIERAS
QUE TUS OJITOS JAMAS SE HUBIERAN CERRADO
NUNCA Y ESTAR MIRANDOLOS
AMOR ETERNO E INOLVIDABLE TARDE O TEMPRANO
ESTARE CON TIGO PARA SEGUIR AMANDONOS
YO HE SUFRIDO TANTO POR TU AUSENCIA
DESDE ESE DIA HASTA HOY NO SOY FELIZ
Y AUNQUE TENGO TRANQUILA MI CONSIENCIA
SE QUE PUDE HABER YO HECHO MAS POR TI
OBSCURA SOLEDAD ESTOY VIVIENDO
LA MISMA SOLEDAD DE TU SEPULCRO
TU ERES EL AMOR DEL CUAL YO TENGO
EL MAS TRISTE RECUERDO DE ACAPULCO
COMO QUISIERA HAY QUE TU VIVIERAS
QUE TUS OJITOS JAMAS SE HUBIERAN CERRADO
NUNCA Y ESTAR MIRANDOLOS
AMOR ETERNO E INOLVIDABLE TARDE O TEMPRANO
ESTARE CON TIGO PARA SEGUIR AMANDONOS...
Este comentário foi removido pelo autor.
TU ERES EL AMOR DEL CUAL YO TENGO
EL MAS TRISTE RECUERDO DE ACAPULCO
Acapulco ahn?
Acapulco????
Ai Manza então não é Bósnia???
Uma febril, outra senil, eu acho que estou um pouco de cada, porque concordo com ambas, ainda que compreenda o JM.
Ninguém percebeu? Não faz mal, deve ser da gripe, do sono e do cansaço.
Meus: o "poema", o desabafo e a amargura (mas não conte nada a ninguém). É de 1999. O desabafo já foi, a amargura (pelo menos a desse tempo) também foi. Hoje a amargura é outra.
Amor Eterno por Rocio Durcal , Manza????
Tem uma voz linda ela....Triste canção esta ;Manza... As coisas que o amor faz à "gente"! Ao pessoal!!!
Ora Coutinho RIbeiro
De quem é o poema; O desabafo, a amargura?!...
Temos poetas...
Que bom
Eu hei-de amar uma pedra
deixar o teu coração
uma pedra sempre é mais firme
tu és falsa e sem razão
Tu és falsa e sem razão
eu hei-de amar uma pedra
eu hei-de amar uma pedra
deixar o teu coração
Quando eu estava de abalada
meu amor para te ver
armou-se uma trovada
mais tarde deu em chover
Mais tarde deu em chover
sem fazer frio nem nada
meu amor para te ver
quando eu estava de abalada
( Canção alentejana)
Este seu texto está magnifico, muito bom mesmo!
«GTS
GTS
GTS»-:)
Hoje cinjo-me a uma citação.
A dor garganta e os tremores da febre não deixam fluir mais nada.
"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."
Carlos Drummond de Andrade
Uma pedra... A primeira pedra?
Ferreira traduza-me lá GTS!
O António, nas suas «cartas de guerra», termina, inváriavelmente, com este GTS para a destinatária.
Olhe está lá tudo.-:)
Este comentário foi removido pelo autor.
AH pois está!
Mas eu pensei que esse era um código só do António.
!!!
GTS
E a parva nem lhe escrevia!
GTS!!!!
LIndo não é?
Quem ama cria códigos que só quem ama sabe!
É verdade!
Olhe eu já amei uma pedra, pedrita, melhor ainda, um calhau ( no feminino );
Daí a conversa das pedras.
Cumprimentos,
Seria uma pedra???
Ou não conseguiu ver o diamante bruto???
(Aviso: - não tem vírgula!)
isto deve ser da gripe mas já tou zonza com tanta pedra, pedrinha, calhau, sei lá...mas amar é uma xaticeeeeeeeeeeeeeeee
ehehehe
maria
Seria diamante bruto...
Mas não gostava de chá! Julgo que nem em bébé lhe deram dessa bebida.-:)
O amor é eterno!
Quem tem capacidade de amar, para sempre há-de amar...!
O que pode variar é o objecto desse amor ;)
Até porque há amar e há mar... e mais não digo!
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