Tenho medo das atitudes más dos bons
Não posso terminar este ano sem lamentar a forma como ele acaba.
Um marco ficará para a história da humanidade.
Para bem ou para mal, a condenação de Saddam Hussein Abd al-Majid é uma vergonha no início do séc XXI.
Saddam Hussein foi julgado por acusações de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, ligados à campanha militar na região curda do norte do Iraque no final da década de 80.
Não deixa mesmo assim, de ser uma vergonha para toda a humanidade a pena que lhe foi aplicada.
E num país como o nosso, dos primeiros a abolir a pena de morte, (o primeiro efectivamente!) ainda não ouvi dizer nada publica e oficialmente.
Sabem do que tenho medo? Das atitudes más dos que se dizem Bons.
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PORTUGAL E A PENA DE MORTE
Data da abolição da pena de morte (Lei de 1 de Julho de 1867).
A abolição da pena de morte para os crimes políticos foi proposta na sessão de 10 de Março de 1852 da Câmara dos Deputados, em Aditamento ao Acto Adicional à Carta Constitucional. Iniciada a discussão em 29 de Março, as divergências incidiram apenas sobre o processo legislativo.A abolição da pena de morte por crime político passou a constar do artigo 16º do Acto Adicional à Carta Constitucional (5 de Julho de 1852).
Sabe-se que, desde 1834, não fora executada pena capital pela prática de crime político..
Relativamente a crimes do foro militar, a pena de morte manteve-se até ao Decreto com força de lei de 16 de Março de 1911 que a aboliu, vindo a Constituição de 1911 a prever que em nenhum caso poderia ser estabelecida tal pena.
Uns anos mais tarde, a participação de Portugal na guerra levaria, pela lei nº 635, de 28 de Setembro de 1916, a restabelecer a pena de morte para "caso de guerra com país estrangeiro, em tanto quanto a aplicação dessa pena seja indispensável, e apenas no teatro de guerra"..Com redacção ligeiramente diferente, este regime vigorou até à Constituição de 1976 que, no nº 2 do artigo 24º, estabeleceu que "em caso algum haverá pena de morte".
O movimento abolicionista foi estimulado por disposições introduzidas nas leis judiciárias (Reforma Judiciária, Nova Reforma Judiciária e Novíssima Reforma Judiciária) que impunham o recurso obrigatório à clemência régia em todos os casos de sentenças capitais proferidas por tribunais portugueses.
A última execução de pena de morte por motivo de delitos civis ocorreu em Lagos, em Abril de 1846. Curiosamente, remonta a 1 de Julho de 1772 a data em que é executada pela última vez uma mulher.Chamava-se Luísa de Jesus, tinha 22 anos e assassinara 33 expostos que ia buscar à roda de Coimbra, uns em seu nome, outros em nome suposto, para se locupletar com o enxoval e os 600 réis que correspondiam a cada entrega.
No que se refere a crimes militares, a última execução terá ocorrido em França, na pessoa de um soldado do Corpo Expedicionário Português, condenado por espionagem..Portugal foi pioneiro na abolição da pena de morte e na renúncia à sua execução mesmo antes de abolida.
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Miguel Torga:"A tragédia do homem, cadáver adiado, como lhe chamou Fernando Pessoa, não necessita dum remate extemporâneo no palco.
É tensa bastante para dispensar um fim artificial, gizado por magarefes, megalómanos, potentados, racismos e ortodoxias.
Por isso, humanos que somos, exijamos de forma inequívoca que seja dado a todos os povos um código de humanidade.
Um código que garanta a cada cidadão o direito de morrer a sua própria morte".
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Vergílio Ferreira:"...E acaso o criminoso não poderá ascender à maioridade que não tem? Suprimi-lo é suprimir a possibilidade de que o absoluto conscientemente se instale nele. Suprimi-lo é suprimir o Universo que aí pode instaurar-se, porque se o nosso "eu" fecha um cerco a tudo o que existe, a nossa morte é efectivamente, depois de mortos, a morte do universo"
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E agora meus senhores?
Ninguém diz nada?????????.........................
ACCB
9 Comentários:
São 7 horas da manhã em Bagdad, parece-me que este senhor estará prestes a ser enforcado...
Acabarei por escrever algo sobre isto no meu blog, por agora fica um curto desabafo: é vergonhoso que um estado (de direito) dito democrático aplique a pena de morte seja contra quem for; é ridículo que um criminoso seja assassinado por aqueles que lhe encomendaram os crimes.
Bom fim-de-semana!
Faltou dizer o mais importante... Bom "post", muito "diversificado" e completo.
Cleopatra [+ família + amigos],
Bom ano 2007!
Que a vida nos seja generosa e, saibamos nós corresponder.
Tomemos ainda maior consciência que a nossa vida está intimamente ligada ao nosso Planeta-Nave-Mãe.
Cuidemos dessa nossa ligação com Gaia.
Cuidemos da nossa sintonia com o céu, sem nunca deixarmos de andar aqui em baixo, disfrutando da vida.
Abraço.
António
Aqui está um tema para discussão profunda e confesso que me deixa pouco à vontade. Sendo contra a pena de morte, confesso que não me choca o desaparecimento de um verme deste calibre, embora o processo do seu julgamento e condenação tenha sido, no minímo, questionável.
Quanto à minha resposta à "provocação" sempre te digo que, em termos de altitude o meu local fica mais alto, perto, mas mais alto que até quase dá para nos vermos a trabalhar!!! lol
Esquecia-me do mais importante!
Um Ano Novo, com tudo o que mais desejas!
bjs
Excelente post!
Estranha forma de terminar um ano...
Cleo,
Post oportuníssimo...Não basta pregar é preciso saber agir em conformidade.
Bjs
Et. Que o próximo ano assista à materialização dos teus desejos
“A sentença será executada quando forem seis da manhã” – afirmou ontem à noite o referido conselheiro de Maliki, que acrescentou: “O acordo sobre a hora foi alcançado após uma reunião entre elementos norte-americanos e responsáveis iraquianos. A custódia de Saddam [que pertencia aos Estados Unidos] será transferida para o governo do Iraque escassos minutos antes da sua execução.”
Estranha forma de pensar esta: Matar porque é errado matar.
Um Beijo
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