Contos para crianças adaptados aos adultos I
( O senhor do Tempo - Villeneuve)
A miúda e o poeta
O Poeta estava distraído.
Passava o tempo distraído.
Tão distraído que não sabia que era poeta.
Pensava que era apenas um homem.
Vulgar. Como outro homem qualquer.
Um dia a miúda olhou-o nos olhos e sorriu.
Não disse nada, mas olhou-o e sorriu.
Ele não reparou. Estava demasiado ocupado para ver o sorriso ou o olhar.
Num outro dia o poeta, que julgava que era um homem como outro qualquer, voltou a passar pela miúda.
No olhar dela bailava um sorriso de miúda pequena.
O poeta pareceu-lhe ver um sorriso.
Mas continuou a pensar que era um homem como outro qualquer.
Que não tinha tempo para a sorte.
Um dia alguém lhe sussurrou : "Ter Tempo, é ter sorte!"
O poeta olhou e reparou que fora a miúda que falara.
Tempo? Sorte?
Naquela noite sonhou com um olhar, sonhou com um sorriso.....e pensou que era tempo de acordar.
Voltou à sua rotina diária, mas à tarde lembrou-se de parar no tempo e lembrou-se da sorte de ter tempo.
E pensou se alguma vez tivera tempo.
Tempo para sorrir.
tempo para ser.
tempo para crescer.
Tempo para existir.
Tempo para sentir...
E a voz da miúda repetiu-lhe:
- Ter Tempo é ter Sorte.
E ele recordou o olhar e o sorriso.
E olhou o relógio e sentiu que não tinha Sorte.
Levantou-se e foi à procura da miúda.
Olhou-a nos olhos e perguntou-lhe:
- Tu tens Tempo?
Tenho. Eu tenho muita sorte. Gosto de tudo o que me aconteceu e acontece na Vida. Há coisas que me fazem doer, mas o Tempo cura tudo.
- Como é ter Sorte?
-É ter Tempo para tê-la. Há vezes em que deito o relógio fora para poder ficar com o tempo que ele me rouba.
-Deitas o relógio fora? Mas assim podes perder o tempo certo da sorte.
- Há tempo para tudo. Basta que eu marque o tempo certo do tempo, e encontro o tempo certo ou a sorte.
O Poeta voltou para casa.
Olhou o relógio.
Passara apenas uma meia hora e ficara com a sensação de que fora um momento único de sorte encontrar a miúda.
Como faria ela para ter sorte? E para ter tempo?
E para ter ambos?
Afinal fizera-o perder Tempo... Ou encontrara a forma de não o perder.
O Poeta adormeceu mais uma vez a pensar que era um homem com o Tempo muito organizado. Contado... Cheio de falta de Tempo para coisas inúteis!... Como podia ela deitar o relógio fora para roubar o Tempo que o relógio lhe tirava?!
Quando acordou , olhou o espelho... e sentiu que havia a marca do Tempo no rosto, nos cabelos, no corpo...
Que fizera ele ao Tempo, que fizera ele à Sorte?
Seria a miúda louca ou teria razão? Estaria a Tempo de ter Tempo???
O rosto dizia-lhe que estava na hora de ter Tempo o Tempo que lhe restava.
E que tempo lhe restava?
O que a Sorte lhe guardasse ou o Tempo lhe desse?
"Tempo é Sorte!" - A miúda voltou a sorrir-lhe com um olhar transparente e verdadeiro... Ela tinha as mesmas marcas do Tempo, mas a Sorte passara por ela.
Naquele dia, roubou Tempo ao relógio e foi à procura da Sorte.
ACCB 5.8.06
A miúda e o poeta
O Poeta estava distraído.
Passava o tempo distraído.
Tão distraído que não sabia que era poeta.
Pensava que era apenas um homem.
Vulgar. Como outro homem qualquer.
Um dia a miúda olhou-o nos olhos e sorriu.
Não disse nada, mas olhou-o e sorriu.
Ele não reparou. Estava demasiado ocupado para ver o sorriso ou o olhar.
Num outro dia o poeta, que julgava que era um homem como outro qualquer, voltou a passar pela miúda.
No olhar dela bailava um sorriso de miúda pequena.
O poeta pareceu-lhe ver um sorriso.
Mas continuou a pensar que era um homem como outro qualquer.
Que não tinha tempo para a sorte.
Um dia alguém lhe sussurrou : "Ter Tempo, é ter sorte!"
O poeta olhou e reparou que fora a miúda que falara.
Tempo? Sorte?
Naquela noite sonhou com um olhar, sonhou com um sorriso.....e pensou que era tempo de acordar.
Voltou à sua rotina diária, mas à tarde lembrou-se de parar no tempo e lembrou-se da sorte de ter tempo.
E pensou se alguma vez tivera tempo.
Tempo para sorrir.
tempo para ser.
tempo para crescer.
Tempo para existir.
Tempo para sentir...
E a voz da miúda repetiu-lhe:
- Ter Tempo é ter Sorte.
E ele recordou o olhar e o sorriso.
E olhou o relógio e sentiu que não tinha Sorte.
Levantou-se e foi à procura da miúda.
Olhou-a nos olhos e perguntou-lhe:
- Tu tens Tempo?
Tenho. Eu tenho muita sorte. Gosto de tudo o que me aconteceu e acontece na Vida. Há coisas que me fazem doer, mas o Tempo cura tudo.
- Como é ter Sorte?
-É ter Tempo para tê-la. Há vezes em que deito o relógio fora para poder ficar com o tempo que ele me rouba.
-Deitas o relógio fora? Mas assim podes perder o tempo certo da sorte.
- Há tempo para tudo. Basta que eu marque o tempo certo do tempo, e encontro o tempo certo ou a sorte.
O Poeta voltou para casa.
Olhou o relógio.
Passara apenas uma meia hora e ficara com a sensação de que fora um momento único de sorte encontrar a miúda.
Como faria ela para ter sorte? E para ter tempo?
E para ter ambos?
Afinal fizera-o perder Tempo... Ou encontrara a forma de não o perder.
O Poeta adormeceu mais uma vez a pensar que era um homem com o Tempo muito organizado. Contado... Cheio de falta de Tempo para coisas inúteis!... Como podia ela deitar o relógio fora para roubar o Tempo que o relógio lhe tirava?!
Quando acordou , olhou o espelho... e sentiu que havia a marca do Tempo no rosto, nos cabelos, no corpo...
Que fizera ele ao Tempo, que fizera ele à Sorte?
Seria a miúda louca ou teria razão? Estaria a Tempo de ter Tempo???
O rosto dizia-lhe que estava na hora de ter Tempo o Tempo que lhe restava.
E que tempo lhe restava?
O que a Sorte lhe guardasse ou o Tempo lhe desse?
"Tempo é Sorte!" - A miúda voltou a sorrir-lhe com um olhar transparente e verdadeiro... Ela tinha as mesmas marcas do Tempo, mas a Sorte passara por ela.
Naquele dia, roubou Tempo ao relógio e foi à procura da Sorte.
ACCB 5.8.06
8 Comentários:
Recordo o tempo em tinha muita sorte e agrada-me a sorte de ter tempo quanto baste.
Há quem não saibem o que é a sorte de ter tempo porque não arranja tempo para o saber!
Giro!
O tempo pergunta à sorte quanta sorte o tempo tem;
E a sorte responde ao tempo que o tempo tem tanta sorte quanto tempo o tempo sabe ter...
Cara Cleópatra:
Desculpe a franqueza, mas não gostei!
Vá dizer isso, por exemplo, aos israelitas, palestinianos e iraquianos.
Não conte estórias sem sentido, como se ter "tempo" e ter "sorte" dependesse da postura psicológica de cada um.
É como se não ter "tempo" nem "sorte" não dependesse fundamentalmente da INJUSTIÇA de uns sobre outros, designadamente da própria "justiça".
É que tenho tido, há mais de três anos, muito "tempo" - a PGR não me deixa trabalhar! - mas NENHUMA "sorte" porque isso se deve à INCOMPETÊNCIA da PGR (incluindo o seu CSMP), como os Tribunais têm vindo a reconhecer.
Mas, enquanto os Tribunais, com COMPETÊNCIA, vão reconhecendo (MUITO "tempo" depois!) a minha COMPETÊNCIA, a PGR com INCOMPETÊNCIA vai dizendo que eu é que sou "incompetente", fazendo com que eu viva sem "sorte".
Esta estória só é "gira" para quem não sabe o que são a maldade e a incompetência humana e que está habituado a ver os "problemas" de cada um ou a sua "sorte" exclusivamente como "responsabilidade" do próprio.
É uma boa estória apenas para quem tem "tempo" e "sorte" e ACUSA DE CULPADO quem os não tem.
Acusação injusta...
Desculpe a franqueza.
Boas férias.
Ora Victor.
Qdo comecei a ler o seu comentário até pensei que se estivesse a referir à postagem sobre as mortes no Líbano.
Isto porque ainda estou à espera de quem discorde daquela postagem ou me mostre o outro lado do conflito.
A história, esta, não tem sentido para si..
Mas tem sentido para quem sabe que tem.
Venha sempre.
Desabafe!
O Blog está aberto ao tempo de todos e quem sabe... talvez à sorte também!
1 bj.
se isto for sorte!
Olá Cleópatra!!!
Sem dúvida que perdemos tempo em tretas e a maldizer a sorte, ao invés de reconhecer a sorte de o ter e de ter o que temos.
Mas, essencialmente, duas coisas:
1) O texto está bem construído;
2) Às vezes cruzamo-nos com alguém (essa "menina" é assexuada para-etária e adimensional) que tem o dom de nos fazer perceber algumas coisas que estão para lá da nossa anestesia. E este "aspectozinho" faz-me muito sentido hoje, por isso decidi-me a deixar-te este 1º comentário.
Um beijinho :-)
Cara Cleopatra:
Obrigado pelo seu beijinho...
Já é uma "SORTE" ter alguém (que não conheço pessoalmente) que o faça...
Continuarei a desabafar...
Agradeço-lhe a sua compreensão.
Bjs.
Victor Rosa de Freitas
Ok.
Querem a continuação???
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