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Dizia-me um amigo, com o olhar perdido por entre espirais de fumo de um cigarro que não abandona nunca e já me habituei a ver-lhe entre os dedos, entre as ideias e entre os lábios, que tinha saudades.
Umas saudades profundas de um sentimento velho e profundo que o faça viver, que o faça ser, existir.
Não lhe respondi. Que sentimento seria esse senão a paixão. Só podia ser. A paixão que o fazia estar vivo, cheio de alegria de viver, daquele sentir que acontece na vida, de repente, em que todos os sons são perceptíveis, principalmente os mais ténues, em que todos os aromas nos invadem, especialmente os mais delicados
E enquanto ele retirava fumaças em espiral do cigarro eu, que nem me atrevia a dizer-lhe que o fumo me queimava as pestanas, e me torrava a paciência, imaginava aqueles olhos castanhos apaixonados e, agora profundos, perdidos não sei em que espaço de tempo infinito de passado que quer ser presente ou sonha ser futuro.
Que lhe havia de dizer? Que lhe havia de inventar para lhe arrancar aquela ideia obsessiva de ter saudades de um sentimento que não se força, não se pede. Simplesmente acontece.
-Sabes? - recomeçou ele - Sabes o que é acordares de manhã com aquela alegria de viver, aquela certeza de existir, aquela vontade de agarrar o Mundo e realizar mil coisas?
(Estar apaixonado... - pensei :- Ele tem saudades de ser amado. )
- Sabes o que sinto? Uma enorme vontade de voltar a ser feliz!!! Uma enorme vontade de ser inteiro; uma enorme vontade de ser eu novamente.
Dizia-me um amigo, com o olhar perdido por entre espirais de fumo de um cigarro que não abandona nunca e já me habituei a ver-lhe entre os dedos, entre as ideias e entre os lábios, que tinha saudades.
Umas saudades profundas de um sentimento velho e profundo que o faça viver, que o faça ser, existir.
Não lhe respondi. Que sentimento seria esse senão a paixão. Só podia ser. A paixão que o fazia estar vivo, cheio de alegria de viver, daquele sentir que acontece na vida, de repente, em que todos os sons são perceptíveis, principalmente os mais ténues, em que todos os aromas nos invadem, especialmente os mais delicados
E enquanto ele retirava fumaças em espiral do cigarro eu, que nem me atrevia a dizer-lhe que o fumo me queimava as pestanas, e me torrava a paciência, imaginava aqueles olhos castanhos apaixonados e, agora profundos, perdidos não sei em que espaço de tempo infinito de passado que quer ser presente ou sonha ser futuro.
Que lhe havia de dizer? Que lhe havia de inventar para lhe arrancar aquela ideia obsessiva de ter saudades de um sentimento que não se força, não se pede. Simplesmente acontece.
-Sabes? - recomeçou ele - Sabes o que é acordares de manhã com aquela alegria de viver, aquela certeza de existir, aquela vontade de agarrar o Mundo e realizar mil coisas?
(Estar apaixonado... - pensei :- Ele tem saudades de ser amado. )
- Sabes o que sinto? Uma enorme vontade de voltar a ser feliz!!! Uma enorme vontade de ser inteiro; uma enorme vontade de ser eu novamente.
Tenho muitas muitas saudades de Amar.
Sorri. Que mais poderia dizer? Provavelmente ele tinha razão. Queria amar....mais que ser amado, queria amar, sentir capacidade de amar...voltar a amar.....
Sorri. Que mais poderia dizer? Provavelmente ele tinha razão. Queria amar....mais que ser amado, queria amar, sentir capacidade de amar...voltar a amar.....
É essa forma de sentir que nos faz mesmo felizes e nos leva a criar obras, a ser pintores, músicos, artistas, a mover montanhas...
Tive vontade de lhe perguntar o que o impedia de amar. Mas não tive coragem.
Tive vontade de lhe perguntar o que o impedia de amar. Mas não tive coragem.
Isso não se faz acontecer. Acontece.
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ACCB
Etiquetas: sorrisos
11 Comentários:
"...imaginava aqueles olhos castanhos quando apaixonados, e agora profundos, perdidos não sei em que espaço de tempo infinito de passado que quer ser presente ou sonha ser futuro."
POSSANTE!
Agora sim Meretíssima! Simples, mas profundo. À Imperatriz. Adorei a capacidade de ouvir, hoje em dia tão rara. Gostei muito desta pequena partilha. A Paixão...Como fonte de vida. Fonte de juventude.
Excelente.
Há pessoas que não sabem viver sem amar, mesmo sentindo que o amor as rodeia.
Muito bom, o texto! Muito mau, o sentir aqui descrito.
Reconheço a excelência do texto-pintura-de-emoções-e-afectos.
Reconheço, tão bem, o tal sentir...
...
Vossa Alteza agora é psicóloga? Ou será psicanalista?
Estou psicologia do direito ou o direito da psicologia?
Em todo o caso, parece-me uma caçadora de estados de alma, com "print screen" (em formato de alta qualidade) incluído :)
P.S. Quem é que nunca se sentiu assim?!
Sei lá Apache! Juro-lhe que não sei...é mais como diz o Narrador ....gostar de ouvir...ou saber ouvir...ou capacidade de ouvir...ou necessidade de ouvir...não sei.
Que termos tão técnicos!!! Parece que complicar é que está a dar, irra!
Tudo se define a poucas palavras! Sensibilidade, sentido de vida pura, e fundamentalmente, capacidade de reconhecer o poder magistral das pequenas e simples coisas da existência do Ser...
Quais psicologia das não sei quantas....Este adultos e os rótulos :)
Meretíssima IMPERATRICE...Amanhã e dia de Expresso e eu desejo muito poupar os quase 3€ daqueles 2kg de papel. Por isso amanhã, se o tempo te abençoar, coloca aqui o essencial, ok? :)
Bom trabalho!
Eu não falei consigo por estes dias, pois não ? :-)
Oi Cleopatra, o texto do meu blog já é seu... este e tantos outros que desejar.
Me desculpe estar dando a resposta por aqui, mas não existe seu e-mail.....
Bjs do ZC
Até parece feita de prpósito para mim. Só que não fumo. Já fumei muito. Agora há uns anos que não o faço.
Gostei da escrita, da sensibilidade e, como diz o narrador , do saber ouvir. Quem fala contigo tem sorte Cleo.
Não pecador não foi escrita de propósito para si. Até porque nem fuma.
Mas se gostar ofereço-lhe o texto.
JC
Não mas...podia não podia???
Zé Carlos, já lá está supra ;) Obrigada.
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