Uma aula de desenho em árabe

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Apeteceu-me mudar este ...poema para aqui...
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PORQUE ESTAMOS NO NATAL!
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(Aga Khan: Fundação ismaelita investe no combate à pobreza .
O príncipe Aga Khan assinou hoje um protocolo com o Governo português e foi condecorado por Jorge Sampaio, cerimónia que marcou o início da cooperação entre a sua Fundação e o Estado português, principalmente no combate à pobreza. )

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Uma Aula de Desenho

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Meu filho põe a sua caixa de pintura à minha frente

E pede-me que desenhe um pássaro.

Ponho o pincel no pote de cor cinza

E pinto um quadro com fechaduras e grades.

Seus olhos arregalaram-se surpreendidos:

...Mas isso é uma prisão, pai,

Não sabes desenhar um pássaro?

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E digo-lhe-:

"Filho, perdoa-me.

Esqueci-me da forma dos pássaros.

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"Meu filho pousa o caderno de desenhos à minha frente

E pede-me que desenhe uma espiga de trigo.

Pego no pincel e desenho uma arma.

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Meu filho ri-se da minha ignorância, perguntando:

"Pai, não sabes a diferença entre uma espiga de trigo e uma arma?

"E digo-lhe:

"Filho,uma vez usei a forma da espiga de trigo

a forma do pão

a forma da rosa

mas nestes tempos duros

as árvores da floresta juntaram-se

aos homens da milícia

e a rosa veste uniformes escuros.

Neste tempo de espigas de trigo armadas

de pássaros armados

de cultura armada

e de religião armada

não se pode comprar pão

sem se encontrar uma arma no seu interior

não se pode colher uma rosa do campo

sem que os seus espinhos nos rasguem a cara

não se pode comprar um livro

que não vá explodir entre os nossos dedos.

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"Meu filho senta-se na berma da cama

e pede-me que recite um poema

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Uma lágrima cai de meus olhos na almofada.

Meu filho pega-a, surpreendido e diz:

"Mas isto é uma lágrima, pai, não é um poema!

"E digo-lhe:

"Quando cresceres, meu filho,

e aprenderes o "Diwan" da poesia árabe

descobrirás que palavra e lágrima são gémeas

e que o poema árabe

não é mais que uma lágrima chorada por dedos que escrevem.

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"Meu filho pega nos pincéis,

na caixa de pintura que estava à minha frente

e pede-me que lhe desenhe uma pátria.

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O pincel treme nas minhas mãos

E eu afundo-me nas lágrimas.

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Escrito por Nizar Qabbani

Escritor Sírio, considerado um dos maiores poetas árabes do amor e da política.

Morreu em Londres, aos 75 anos, em Maio de 1998. Destacou-se com obras eróticas que quebraram as tradições literárias no Médio Oriente, sempre em defesa da emancipação das mulheres.

Alguns dos seus textos ficaram imortalizadas nas canções da egípicia Umm Kulthoum e da libanesa Faurouz.

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“Assamamu alaikum (pronuncia-se assamaleikon),

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“que a paz de Alá esteja contigo”.