sábado, maio 27, 2006

Lisboa feita de Luz

*

Lisboa.
fragmentada de águas .
memórias inchadas de prazer.
assim caída nos meus ombros à deriva
por outros mares
outras marés
outros cheiros
mas sempre rente à música do teu ventre
inclinado para o tejo.
há quanto tempo não te fazia e dizia amor nos dentes.
amor nas ancas
dedilhadas por farpas e guitarras e vielas...
assim te desdigo saudade.
e volto aos teus flancos como gaivota
em dezembros líquidos e densos.
oleosos.
florestais.
lisboa de um piano que finalmente se cala.
neste aqui.
que já foi tanto.
mesmo quando tocava sangue e silêncio.
não é de adeus que te falo.
é de mais longe.
de mais logo.
de outro lugar.
as árvores dão ramos.
que fazem de ninho.
onde me aninho.
e te beijo lisboa.
de teclas acesas.
amanhã.
outro rio.
e voltar é o princípio.

3 comentários:

  1. Ó Lisboa... não fossem algumas (poucas) mulheres e serias tu a maior das minhas paixões!...

    "No castelo, ponho um cotovelo
    Em Alfama descanso o olhar
    E assim desfaço o novelo
    De azul e mar

    À ribeira encosto a cabeça
    À almofada da cama do Tejo
    Com lençóis bordados à pressa
    Na cambraia de um beijo

    Lisboa menina e moça, menina
    Da luz que os meus olhos vêem, tão pura
    Teus seios são as colinas, varina
    Pregão que me traz à porta, ternura

    Cidade a ponto cruz, bordada
    Toalha à beira mar, estendida
    Lisboa, menina e moça, amada
    Cidade, mulher da minha vida.

    No terreiro eu passo por ti
    Mas da Graça, eu vejo-te nua
    Quando um pombo te olha, sorri
    És mulher da rua

    E no bairro mais alto do sonho
    Ponho o fado que soube inventar
    Aguardente de vida e medronho
    Que me faz cantar.


    Lisboa menina e moça, menina
    Da luz que os meus olhos vêem, tão pura
    Teus seios são as colinas, varina
    Pregão que me traz à porta, ternura

    Cidade a ponto cruz, bordada
    Toalha à beira mar, estendida
    Lisboa, menina e moça, amada
    Cidade, mulher da minha vida.

    Lisboa no meu amor, deitada
    Cidade por minhas mãos, despida
    Lisboa menina e moça, amada
    Cidade mulher da minha vida."
    (Ary dos Santos)

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  2. Maravilha! Quer a foto do José, quer o poema. Lindo! Amei!

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  3. Apache obrigada pelo poema, pela canção, pelo poeta...

    Canela e Jasmim... Deixaste um cheirinho bom...

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os escribas disseram