quinta-feira, dezembro 20, 2007

Mote:"talvez eu pudesse dizer-te, mas não aqui, onde o tempo corre depressa. No Alentejo, quem sabe?"

No Alentejo quem sabe.
Ali onde o silêncio se espraia na planície, tantas vezes gelada pela manhã.
Ali onde os pássaros não sabem contar o tempo, nem têm pressa de que chegue o agora , que passe o antes , ou que acabe o depois.
No Alentejo, no sítio onde a lua inunda os campos, os sons são mais autênticos e os Verões levam os homens ao suicídio.
No Alentejo não são necessárias paredes.
Todo o Alentejo é aberto.
Qualquer parede estragaria a paisagem, sufocaria o momento.
As lareiras no Inverno fecham as portas e a intimidade estende as mãos aos beijos das noites à volta do lume.
No Alentejo, os dias correm devagar... os sonhos são vermelhos ao sol posto e brancos transparentes pela manhã , depois de dormir o sono dos justos.
No Alentejo os olhares cruzam-se e sorriem...
Não há "ses" há certezas...
No Alentejo o tempo não existe.
E os sonhos tornam-se reais.
Do Alentejo não apetece partir...
-
ACCB

22 comentários:

  1. Para partir, é preciso chegar. Antes.

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  2. O tempo está dentro de nós, os horários são-nos impostos de fora.

    Boas festas com tempo.

    Lobo das Estepes

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  3. Excelente este teu texto sobre o Alentejo.
    "Todo o Alentejo é aberto". Pois é. No meu nem há chaves...

    Um abraço

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  4. Também sinto isso tudo, no Alentejo....

    Feliz Natal

    mimos

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  5. "As lareiras no Inverno fecham as portas e a intimidade estende as mãos aos beijos das noites à volta do lume..." belo... muito belo...

    Acho que nós, homens e mulheres de hoje, temos ainda em nós a memória de tempos idos, em que os nossos antepassados se reuniam à volta do lume, num longo silêncio cheio de significados...

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  6. Boa Tarde. Não me conhece a mim, nem eu a si. Descobri já à algum tempo o seu blog através do blog do professor Júlio Machado Vaz. Adoro o professor Júlio Machado Vaz. Dentro do tempo que posso ter disponível leio sempre o que o Prof. escreve.
    Agora o seu blog desde que o descobri é leitura obrigatória para mim. Porque?
    Adoro o que escreve. Sente-se o que escreve. È uma senhora com S grande.
    No dia que abri o seu blog, passei-me e digo bolas e agora.
    Fiquei bastante triste. Estava a pensar ligar para o sindicato dos juízes, identificar-me e dizer que necessitava de falara com sigo.
    Mas todos os dias continuavam a ir ao blog. Fiquei muito contente quando cliquei em Cleopatramoon e abriu.
    Sou um ser muito simples. Moro em Castelo Branco e sou assistente social.
    Gosto imenso do que escreve. Deve ser um ser muito inteligente e sensível e é por isso que a leio. Alem da informação que transmite no que escreve. Obrigada por voltar a tornar o seu blog acessível.
    Boas Festas .
    Chamo-me Elizabeth Santos Correia.
    O meu mail é elizabethcorreia@sapo.pt

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  7. No "meu" Alentejo, quem sabe...
    se poderia ser tudo mais simples, como simples são as pessoas, os semtimentos, o viver...
    No "meu" Alentejo, quem sabe...
    se te poderia ver a alma, sem véus, sem escudos, até ao infinito como ele se vê, apenas no "meu" Alentejo.


    Feliz Natal Cleo!

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  8. Uma visão romântica do Alentejo. Gosto de passear nele, no Verão, é, de facto, muito aberto, respira-se mais lenta e profundamente. É relaxante.
    Mas de Inverno é muito frio. E o stress da cidade faz-me falta. Não conseguiria viver num lugar tão tranquilo.

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  9. texto belissimo
    como gosto de te ler :)
    xi
    maria

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  10. Que grande texto!
    :)

    Beijinho

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  11. Excelente texto. Curto e cheio de tanto.Cheirou-me a Alentejo. Às lareiras alentejanas e a esse frio de que falas, pela manhã.Escreves tão bem Cleo. Quem te deu o mote?

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  12. JC
    Para Partir é preciso chegar. E quem disse que eu não cheguei já?

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  13. Harry Haller
    É verdade. O tempo está dentro de nós. Por vezes escraviza-nos.
    Eu detesto que me imponham seja o que for.
    Volte e abra o seu blog novamente.

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  14. Maria
    Lembro-me de quando era pequena e ía passar parte das f´+erias ao Alentejo.
    Lembro-me do silêncio das tardes que tudo me deixava ouvir.
    Lembro-me de entrar pela casa da minha avó paterna cmo um furacão a fugir à frente dos meus primos, sem qualquer barreira de campainha ou chave...
    No Alentejo da avó também não havia chaves..Só as que procuravamos para encontrar tesouros. ;)

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  15. Olá Mimo-te
    O Alentejo é um estado de reflexão permanente.

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  16. Cabral Mendes

    Não seis e são tempos idos. Ficam na alma. Achoq ue fazem sempre parte do presente.
    Mas era tão bom ...havia cadeiras de baloiço e mantinhas nos joelhos, histórias de fadas e bruxas que as sombras da parede tornavam reais. Por vezes faltava a Luz e era uma festa. os candeeiros de petróleo eram castiçais magníficos e a lareira enorme era excelente cenário para qualquer imaginação. Acender as velasd dos castiçais?! NÃO!!!!!
    era tão giro assim...
    E as lareiras estendiam as maõs cheias de ternura e os sonhos vinham com o sono e ficavam até de manhã.

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  17. Elizabeth
    Também sou uma pessoa muito simples... Se o meu S de senhora é grande...não sei. Não sou a pessoa indicada para o ajuizar.
    Fico conetente por gostar de vir espreitar a minha moon.
    Para ligar para saber de mim não precisa recorrer ao sindicato 8 bah! nome triste!9 mas pode recorrer ao CSM.
    Agora já nem precisa que deixou o seu mail. ;)

    O professor JMV? Também gosto muito de lá ir. E vou com frequência.


    Obrigada pela sua delicadeza .Fico contente por ter gostado de ver o blog aberto de novo.
    Bjito Está convidada!
    PS- As assistentes sociais são muitas vezes o nosso braço direito para decidir, os olhos de quem não pode ver tudo! ;)

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  18. Olá José Manuel
    Obrigada pelso votos.Retribuo atrasados. Mas são votos na mesma

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  19. António LG
    É verdade, no Alentejo a alma aflora aos olhos. Tudo é tão simples...tudo é tão silencioso, tudo é tão olhar...olhar... ouvir...até a alma ..para os mais atentos.

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  20. Apache...Vexa habituado a paisagens semelhantes,,... não era capaz de lá viver? Hummm não acredito.
    Umas férias... experimente só umas férias..

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  21. Obrigada Maria.

    Olá Ni- o texto é tão pequenino!

    Olá pecador?
    O mote? Foi o JC

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os escribas disseram