quinta-feira, setembro 13, 2007


A incerteza cai com a tarde

no limite da praia. Um pássaro

apanhou-a, como se fosse

um peixe, e sobrevoa as dunas

levando-a no bico. O

seu desenho é nítido, sem

as sombras da dúvida ou

as manchas indecisas da

angústia. Termina com a

interrogação, os traços do fim,

o recorte branco de ondas na maré baixa. Subo a estrofe

até apanhar esse pássaro

com o verso, prendo-o à frase,

para que as suas asas deixem

de bater e o bico se abra. Então,

a incerteza cai-me na página, e

arrasta-se pelo poema, até

me escorrer pelos dedos para

dentro da própria alma.


Nuno Júdice

3 comentários:

  1. Voltei Cleopatra e não venho envenenado, nem mordi a lingua.

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  2. Esqueci-me de perguntar se é um passarinho verde.

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  3. É um passarinho verde sim.
    Mas, pensando melhor...será verde?
    Pode continuar a ser verde pronto.

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os escribas disseram