segunda-feira, fevereiro 05, 2007

“horita vengo”.( 2.2.01)

CUBA


(ACCB - CUBA - 2006 )


Os meninos de Havana


Não vivem em palácios

Brincam na marginal

Salpicados por tabaco

Nas fachadas decadentes

Tementes

A deuses selvagens

Não vestem roupas caras

Adormecem num colchão roto

Com fome

Maresia nos cabelos

Cheiro a esgoto

Sob tectos de estrelas

Não jogam em casinos

Inventam música em luares

Atiram caricas de coca-cola

Fazem que dão à sola

Tanto faz a cor do imperialismo

Se é sempre o mesmo abismo

Que ocupa os seus lugares

Não conhecem outro mundo

Pedem esmola aos turistas

Rosto sujo

Notas já sem uso

Taxistas

Levando a solidariedade ao perdão

Tarifando a viagem ao segundo

Os meninos de Havana

Não têm guarda-chuvas

Não têm nada

Lambem as gotas

Comem gelado de banana

E riem

E sonham

Os verdadeiros pobres

Usam fato

E quando a gravata aperta

Giram roletas

De dinheiro

Ou prazer

Ou balas

Os verdadeiros pobres

Não riem

Não sonham

Não sabem

Que os meninos resistem

Na revolução permanente

Cai na Malecón o entardecer

Procura de um significado

Só ao homem cabe vencer

Alguém escreveu na areia…

Hasta (la victoria) siempre!

*

André Simões Torres

31/07/2003



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2 comentários:

  1. um retrato puro e duro de uma sociedade perfeitamente destruturada
    maria

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  2. "Tanto faz a cor do imperialismo
    Se é sempre o mesmo abismo"!

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os escribas disseram