sexta-feira, janeiro 12, 2007

O poeta e a perda


*
Porque não soube merecer


Porque não soube merecer a glória, a mais suave
de me deitar a teu lado
e que o sangue a palavra abolisse a diferença
entre o meu corpo e a minha voz
porque te perdi não sei quem sou
*
António Ramos Rosa

6 comentários:

  1. Olá! (é fruta ou chocolate...olha a batatinha frita...)

    Não sou apreciador da poesia do António, mas como poesia com poesia se paga, deixo uma que, enfim...

    "A tua pura integridade delicada
    a tua permanente adolescência de segredo
    a tua fragilidade acesa sempre altiva
    Por ti eu sou a leve segurança de um peito
    que pulsa e canta a sua chama
    que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
    ou à chuva das tuas pétalas de prata
    Se guardo algum tesouro não o prendo
    porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
    que dure e flua nas tuas veias lentas
    e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar
    Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
    para que sintas a verde frescura
    de um pomar de brancas cortesias
    porque é por ti que vivo é por ti que nasço
    porque amo o ouro vivo do teu rosto"

    Até outro instante

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  2. Muito bemvinda a bordo, e muito obrigado por issa linda visita.
    Gosto das pessoas sensívels, e que fazen gala de paklabras tao profunds como la del poeta que vc edito.
    parabéns pelo bom gosto e a capacidade de valorar as coas boas dos artistas como António.
    Um beijo

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  3. Olá Louco!

    Mas olha que o António, escreve Bem , demasiado bem, adoro o que escreve.
    A simplicidade e a profundidade andam de mãos dadas na escrita dele.

    E o poema que postaste é lindo.

    Um dias destes faço um post com todos os poemas que vocês me vão deixando.

    OLá Navegador!
    Bem vindo da Argentina até Portugal.
    Já que conhece o Fado....
    Conhece Sintra????

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  4. "Porque te perdi não sei quem sou"
    Há dor de uma perda associa-se sempre uma perdição...

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  5. Olá Cleo
    Bonito!

    "Estou vivo e escrevo sol

    Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
    no vazio fresco
    é porque aboli todas as mentiras
    e não sou mais que este momento puro
    a coincidência perfeita
    no acto de escrever e sol

    A vertigem única da verdade em riste
    a nulidade de todas as próximas paragens
    navego para o cimo
    tombo na claridade simples
    e os objectos atiram suas faces
    e na minha língua o sol trepida"

    (1966)

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  6. è bonito este também Manza.
    faltaram-lhe estas duas estrofes:


    Eu escrevo versos ao meio-dia
    e a morte ao sol é uma cabeceira
    que passa em frios frescos sobre a minha cara de vivo
    Estou vivo e escrevo sol

    (......)

    Melhor que beber vinho é mais claro
    ser no olhar o próprio olhar
    a maravilha é este espaço aberto
    a rua
    um grito
    a grande toalha do silêncio verde

    António Ramos Rosa

    Obrigada pelos vossos poemas!!!!
    Ai posto-os todos um dia!

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os escribas disseram