sexta-feira, outubro 20, 2006

Poeta ao espelho

( Carlos Teixeira)
-
*
Deslizou um rio nos teus braços
e não percebeste
as margens da água estendidas.
E não viste a líquida pele
encostada à tua.
Brandiste a palavra,
lâmina contra o dia.
Teu olhar colado ao espelho
ignorou a flor sinuosa
oferecida a ti.
Não é impune o gesto
embaraçado na arrogância,
no amor a si próprio.
Não encontrarás palavras
na imagem virtual,
apenas eco.
Delineias teu destino :absoluta solidão.
Sem lábios que te acolham.
*
Silvia Chueire

1 comentário:

  1. É Lusitana paixão. Por vezes passamos muitas horas ao espelho. Só com o tempo percebemos que à força de estar em frente a ele muito tempo, o embaciámos... perdeu o brilho...
    Aí já é tarde... O que há para além da imagem projectada no espelho... passou... mudou de sítio...

    E apenas fica a imagem que tanto procuramos... mas só e embaciada... sem brilho.

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