ADEUS
Como se houvesse uma tempestade escurecendo os teus cabelos,
ou se preferes, a minha boca nos teus olhos,
carregada de flor e dos teus dedos;
como se houvesse uma criança cega aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve,
e tu calavas a voz onde contigo me perdi.
...
Como se a noite viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
digo-te adeus, como se não voltasse ao país onde o teu corpo principia.
...
Como se houvesse nuvens sobre nuvens, e sobre as nuvens mar perfeito, ou se preferes, a tua boca clara singrando largamente no meu peito.
...
EUGÉNIO DE ANDRADE
(1923)
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