quinta-feira, agosto 09, 2007

O POEMA QUE ELE LHE ESCREVEU EM PROSA



Esta noite, como nas outras, estás ausente mas em mim
Todo o meu corpo te sente num apelo
A minha pele queima de tanto desejar-te
E, os meus lábios sequiosos dos teus
Entreabrem-se em busca da tua boca

Nos meus dedos perpassa a seda que sempre cobre as tuas pernas
No meu peito sinto o toque suave da tua mão
A tua língua percorre o meu pescoço
E sinto o teu corpo incendiar o calor do meu
De te não ter doi-me a alma e todo o meu ser


Há um aroma na luz suave que sinto de ti em meu redor
Um turbilhão de desejo invade-me e inunda-me

Não te tenho mas estás presente nos meus sentidos
E uma explosão de nós acontece em mim.





ACCB
( Abril de 2004 - Podia ser em tempo de SaKura - Podia ser em ToKio, Osaka, Miyagi, Okayama...sei lá.)

7 comentários:

  1. Muito bonito, muito sentido.

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  2. Limitei-me a reduzir o que me deram escrito em prosa a algo semelhante a um poema. Apenas isso. Tentei corresponder ao desejado.

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  3. Nas antologias que tenho sobre o amor na poesia portuguesa, falta este poema...

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  4. Este texto arrepia-me. É um daqueles arrepios vertiginosos e bons que nos tocam os pontos vitais... lá...onde os lábios certos, da pessoa que queremos, escreveriam poemas sem palavras. Este ‘ELE’, de que fala o teu ‘post’... poderia ser o ‘Ele’ especial de qualquer uma de nós, MULHERES, que adivinhamos até o não dito. Vou ousar, Cleo... vou imaginar o que ‘ELA’ lhe responderia. Ainda que o ‘momento’ não seja o melhor para mim... ou... talvez por isso...

    (Gostaria de poder escrever aqui este texto a cor de cereja...)

    A PROSA QUE ELA LHE RESPONDEU... SENTINDO-A COMO UM POEMA

    (...)
    Esta noite, desde que o tempo nos colocou no cruzamento das águas dos olhos, sinto-te em mim, como a única pátria que me corre nas veias.
    O meu corpo, que acaricio com o pensar em ti, mais do que com a ponta dos dedos, murmura-me que os meus poros são salinas sem água, ansiando o traço da tua língua molhada e ávida.
    E os meus lábios, entreabertos, brilham como cerejas doces e maduras, para ti. Porque é da minha boca que tens sede. E fome. E vontade. E eu sei. E eu sinto.

    E é de olhos fechados que respiro a canção que nos acompanha à distância.
    Dói e dá prazer este querer-te tanto...

    Há um aroma de ti que me tatua, como manto de neblina de seda, como se cada partícula de beleza fosse uma célula tua que junto às minhas. Como se a distância fosse ilusão.
    A distância É ilusão.
    Aprendi-o contigo.
    E o desejo de ti é tão real, como maré que a lua comanda...
    E a mão que me percorre não é mais a minha... nem a tua... é a nossa.
    E uma explosão de nós inunda-nos, num gemido silencioso, que contém o perfume de todos os amantes... de todos os tempos.

    A lua... finge-se indiferente... mas sorri(-nos).

    (...)


    Ni*...
    (Há mares que nascem nos olhos...)

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  5. Fantástico NI.
    Provavelmente... muito semelhante ao que ela lhe terá dito depois de "o ler".
    Há mulheres a quem o aroma,...o simples aroma da pessoa amada, lhes tatua a pele, lhes deixa uma tatuagem nos olhos, nos dedos, nos poros...Poucos entendem esse sentir;
    Há mulheres que são felizes com o pensamento do amado, apenas, as imagens de momentos vividos a dois;
    Há mulheres para quem a distancia e o tempo é zero, porque o sentimento é único e, tudso o que é delas não é só delas, mas de ambos.
    Doi e dá prazer amarem tanto.
    É um amargo doce, arrepio quente e frio..
    Há mulheres assim...
    E são reais.

    Obrigada Ni pela tua sensibilidade e pela forma como foste ao encontro de sensibilidades alheias que no fundo vejo, também são tuas.
    Bj

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  6. Voltei para voltar a ler. Deliciei-me com o que encontrei depois escrito.As mulheres são um mistério fantástico.

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os escribas disseram