CleopatraMoon

Um Mundo à parte onde me refugio e fico ......distante mas muito próxima.

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Localização: LISBOA, Portugal

Sou alguém que escreve por gostar de escrever. Quem escreve não pode censurar o que cria e não pode pensar que alguém o fará. Mesmo que o pense não pode deixar que esse limite o condicione. Senão: Nada feito. Como dizia Alves Redol “ A diferença entre um escritor e um aprendiz, ou um medíocre, é que naquele nunca a paixão se faz retórica.” Sou alguém que gosta de descobrir e gosta de se descobrir. Apontamento: Gosto que pensem que sou parva. Na verdade não o sou. Faço de conta, até ao dia em que permito que percebam o quanto sou inteligente.

online

quinta-feira, agosto 31, 2006

Carta em férias a Laborinho Lúcio


Exmo Sr. Dr. Laborinho Lúcio
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Tomei a liberdade de lhe escrever ...
Gostaria mais de ter começado esta carta por : "Caríssimo Dr Laborinho", por todas as razões e mais alguma que me levam a entender que é para mim alguém que me é caríssimo.
Isto sem qualquer problema em tomar esta posição em relação ao senhor como pessoa, o que aliás, é facto notório a quem me conhece.
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Dizia eu que decidi escrever-lhe em férias.
Sim, porque eu ainda estou a gozar estas benditas férias que o Sr. Ministro da Justiça decidiu e muito bem, impor aos Juízes . Vinte e oito dias úteis. Vinte e oito!!! Nunca os tinha contado assim. Que sabor a liberdade!!! Finalmente tive férias!
Pena que sejam na época mais cara!
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Bem, mas isto agora não interessa nada como diz aquela senhora dos programas de bisbilhotice privada/pública ou voyeurismo como preferir.
O que interessa é que me retirei aqui para a sombra, como pode concluir da imagem supra e, depois de ler a Visão desta semana, lembrei-me do artigo da semana passada e decidi escrever-lhe sobre a curta"entrevista" que deu ao Jornal de Leiria.
Não posso deixar de me "pronunciar", ou melhor, manifestar.
Já sabe, eu sou assim, uma espécie de " faz tudo" que não pode deixar de se meter principalmente naquilo que bole com ele.
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Não faz tudo, mas parece!
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Diz o Sr. na sua entrevista ao Jornal de Leiria que acerca do facto de o seu nome ser muito falado para possível PGR ", o que tem sido dito a propósito não passa de pura especulação."
E diz ainda : " Apenas posso lembrar que quando ainda estava no Governo, tive ocasião de dizer que, depois de ter sido Ministro da Justiça, jamais seria Procurador Geral da Republica.
Não vejo que desde então para cá alguma coisa tenha mudado".
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Não sei porque terá de ser assim. Nem sequer compreendo a lógica da impossibilidade de " sucessão dos cargos". Não sei mesmo se tem de haver alguma lógica... .
Como todos sabemos o Sr. é um dos "Homens do Presidente".
Não há dúvida disso. O cargo que agora ocupa e os que ocupou e quando os ocupou, demonstram bem isso.
Não quero com isto dizer que esteja mal onde está ou, que veja algum mal na hipótese da sua escolha para PGR.
Só não percebo porque não há-de encarar isso como uma hipótese válida e muito viável.
Num post meu de 5 de Abril em que lhe faço referência e a que dou o nome de " As escolhas do Presidente" digo:

O Presidente da República, Cavaco Silva, escolheu o antigo ministro da Justiça Laborinho Lúcio e o penalista de Coimbra Costa Andrade para integrarem o Conselho Superior da Magistratura (CSM), o órgão de gestão e disciplina dos juízes.
(...)
PERFIL ( claro que este Perfil é apenas um esboço e não é de minha autoria ) :
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Álvaro Laborinho Lúcio, nascido em 1941, na Nazaré, foi ministro da Justiça nos governos chefiados por Cavaco Silva. Desempenhou até agora as funções de ministro da República para os Açores.
(...)
E na altura disse:
Por enquanto apenas faço um comentário:
O Dr Laborinho, é Brilhante e não o é apenas de nome.
Reservo para mais tarde o direito a qualquer outro comentário.
ACCB
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posted by Cleopatra Quarta-feira, Abril 05, 2006
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E foi isto que eu disse.
Tendo-me pois reservado o direito de qualquer outro comentário, perante a leitura do que foi dito na supra referida entrevista, vou agora fazê-lo.
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Sabendo que o PR além de nomear o PGR deve intervir na sua escolha, conhecendo eu o seu perfil, não o que descrevo supra, mas um outro perfil de dois anos de passagem pelo CEJ, tendo eu a imagem que tenho do Sr. , como posso ficar a olhar, a ler, aceitando em silêncio que o que se diz sobre a sua possível escolha, são meras especulações?
Porque não uma hipótese bem viável?
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Porque não será o futuro PGR um homem que considero inteligente, sóbrio, ponderado, diplomata, com enorme presença de espirito , com um saber estar em qualquer lado inigualável, com conhecimento do que é a Justiça e do que é ser Procurador, um homem que participou na formação de tantos Magistrados, um homem que ensinou a Magistrados o lado real, humano, vivo do Direito?
Porque não?
Quem impulsionou uma Escola de formação de Magistrados como o Sr., quem inovou a Magistratura ou esteve à frente dessa inovação, porque não pode agora inovar tanto que há para inovar na Justiça, mais propriamente no Ministério Público, na investigação... em tudo o que a isso diz respeito, e o Sr. sabe do que falo.
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Que a tarefa é árdua? AH! Mas já o foi para o Dr. Souto Moura
E quando o senhor "esteve" Ministro , também sentiu o dificil que foi "estar Ministro"!
Medo?
Não acredito.
Comodismo?
Muito menos.
Entre o deixar para escolha "juristas de mérito" e o avançar sem medo se indicado, o que será melhor para a Justiça Portuguesa?!
E talvez seja por essa mesma razão que aponta para não o ser , que deve ponderar a hipótese de ser o escolhido.
Talvez porque " Não vejo que desde então para cá alguma coisa tenha mudado!"
*
Termino por hoje.
O Sol ali à frente convida-me a continuar as merecidas férias.
Dentro em breve regressarei à ardua e mal vista carreira de Juiz, que com muito orgulho e muita dedicação como me ensinaram , em nome do Povo e para ele, desempenho.
Se me permite, um abraço e um até breve... quem sabe também, na mudança que todos queremos?

ACCB -

terça-feira, agosto 29, 2006

Pensão de sangue






Vão ou não os militares portugueses para o Líbano?
Vão ou não os militares portugueses participar na desordem actual no Médio Oriente?
Vão ou não os militares portugueses assistir a alguns dos episódios Israel / Hezbollah?
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É claro que vão ou alguém tinha ou tem dúvidas disso???
E tomamos partido por isso?
Só podemos tomar o partido da paz, contra guerras que alimentam alguém ou alguns...
Oh Deus...fico por aqui hoje.
E já antes que comece a tomar partido.
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A propósito ainda não pagaram a pensão de sangue à família do militar vitima do rebentamento de uma bomba há já 9 meses no Afeganistão.!! São só 800 €/mês. (!!)
Ele também não tomou partido.
Fazia uma patrulha...
Pois... fico por aqui hoje!
...
ACCB


Apelo da AMI
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"PÉ DE PÁGINA"
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doc_ AMI_ >>> EMERGÊNCIA LÍBANO
notícia CNC * notícia E-Cultura

Face à terrível crise humanitária que se vive no Líbano, a AMI decidiu, sem mais delongas partir para o terreno e estar junto da população afectada por este conflito.
Faz parte dos princípios da AMI, actuar em situações de guerra, sem discriminação de raça, credo ou religião.
Todo o Ser Humano tem direito à vida em dignidade e respeito e por este motivo não podemos ficar indiferentes às precárias condições em que se encontram os mais de 750 mil deslocados.(…) ....................................................
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Mostrar para esconder ( tão verdade !)


Na grande maioria das vezes não temos consciência de que pautamos a nossa vida pelo lema “Mostrar para Esconder”. No convívio habitualmente partimos do princípio de que aquilo que nós e os outros comunicamos é verdadeiramente aquilo que queremos comunicar, mas na verdade, muitas vezes dizemos coisas e fazemos coisas precisamente para não dar a conhecer determinada outra coisa.
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As conversas ou as acções que têm por objectivo esconder os nossos defeitos, vulnerabilidades, falhas, insuficiências, etc., condenam-nos a um caminho de solidão e vazio.
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Ao construirmos um discurso e uma imagem, veiculada pelas nossas conversas e atitudes, que pretende esconder aquilo que somos, afastamo-nos de nós próprios e perdemos autenticidade.
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Os outros deixam de se relacionar connosco para se relacionarem apenas com uma parte de nós, com uma aparência ilusória e cuidadosamente construída de nós mesmos.
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Não queremos mentir ou enganar. Queremos apenas esconder aquilo que nos envergonha e embaraça; esconder a dor que sentimos por não sermos aquilo que gostaríamos de ser.
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ANA ALMEIDA _Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Psicanalítica

segunda-feira, agosto 28, 2006

-'Loopings' Junto à água ...Não eram Loopings!



-'Loopings' Junto à água
- Mas avião não estava certificado para tal.
Portanto....:
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Não eram Loopings!
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Conforme se devem recordar, estava eu a disfrutar as minhas merecidas férias, quando fui sobressaltada por uma notícia, .... digamos que... abrupta!
Daquelas que nos causam taquicardia.
Aparelho levantou do aeródromo de Tires e despenhou-se no mar, perto da Boca do Inferno. Duas pessoas seguiam a bordo. Não se sabia quem eram os ocupantes do avião.
Pouco depois o ultraleve foi "localizado" a 24 metros de profundidade a uma milha da Boca do Inferno.
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Ao que consta, seguiam no ultraleve um instrutor e um aluno.
Um óptimo instrutor. Experiente. Cuidadoso. Com brevet desde Fevereiro... num avião que não está vocacionado para Loopings mas, aos olhos de quem viu, ainda fez alguns apesar da Nortada.
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Claro que o avião não era um Pitts Special S-2B, era apenas um ultraleve! E estes não estão vocacionados para loopings...Pois.
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Algumas testemunhas acrescentaram que embateu na água com grande violência.
A aeronave pertencia a uma empresa de formação de pilotos, a Pelicano, que opera no Aeródromo Municipal de Cascais, de onde o aparelho descolou pelas 15h00.
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Ou seja, é um daqueles aviões nos quais quem quer fazer um PPA, aprende... a pilotar. É suposto que assim seja
O acidente ocorreu no dia 20 deste mês.
Hoje ainda não sabemos as causas .
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A queda da aeronave, "terá sido" provocada pela perda de controlo do aparelho pelo piloto (experiente se era o instrutor!), quando efectuava uma volta durante um voo de recreio, segundo o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos (GPIAA).
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O organismo que está a analisar o acidente do ultraleve que se despenhou ao largo da Boca do Inferno indica que o piloto terá perdido o controlo ( seria o aluno ou o amigo do piloto?!) da aeronave em pleno voo de recreio e não de uma aula de instrução, tal como chegou a ser indicado inicialmente pelas autoridades.
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"O piloto, um antigo aluno, pediu autorização aos responsáveis para ir voar e alugou o ultraleve por meia hora para dar uma volta com um amigo", referiu a mesma fonte.
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Porém, não há ainda certezas absolutas sobre as causas do acidente, uma vez que o GPIAA aguarda dados complementares, como o resultado da autópsia ao piloto, que vai indicar se este foi vítima de alguma doença súbita ou se estaria sob efeito de álcool ou estupefacientes."
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A hipótese de o piloto estar a fazer acrobacias com a aeronave foi também afastada pelo director do GPIAA, que assegurou não ter havido nenhuma acrobacia durante o voo, até porque o avião não estava certificado para tal.
Curioso quando toda a gente diz que o avião fazia Loopings junto á água!!!!!
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E pronto.
Aguardamos que o ACP nos esclareça e sossegue depois da GPIAA fazer o seu trabalho.
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É que eu até estava a pensar fazer um PPA! ;)
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Ah! Já agora - O Looping é uma das manobras acrobáticas mais conhecidas, sendo no entanto uma das mais difíceis de executar correctamente.A sua forma geométrica tem de ser obrigatoriamente redonda, tendo a manobra de começar e terminar exactamente à mesma altitude.No Pitts Special S-2B, as forças da aceleração podem atingir os 5 g´s, e a sua velocidade oscilar entre os 65 e os 180 mph
................
ACCB - 28.8.06




domingo, agosto 27, 2006



“Há afectos nas palavras, afectos nos gestos, afectos no olhar.
Apenas afectos, mas afectos”.
PG
11.03 -27.8.06
*
*****
( Carlos Teixeira - Logo à Noite)

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segunda-feira, agosto 21, 2006

Querem continuar o diálogo? Aqui vai a continuação escolhida e análise eleita.



Ele: - Estive a pensar em nós. Pensei muito em nós.
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Ela: - E......
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Ele: - E... cheguei à conclusão de que a mulher
que mais me ama
és tu.
...........................................
Ela: - Isso eu já sei, e...
Ele: - E o quê?
Ela: - O que eu quero saber é se eu sou a mulher que tu mais amas.
.................
...................................
......................................................
Comentário do Gonçalo Capitão:
*
Apenas me pareceu egoísta alguém que ”depois de muito pensar em nós”, se limita a concluir quem mais o ama.
.
Poderia concluir algo no plural, revelar algo no singular, mas não fazer uma afirmação de que é destinatário.
.
Como o início do diálogo está escrito, as possibilidades de continuação são todas, incluindo quem mais o ama ser quem menos o detesta.
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Por isso, me pareceu que quem pensa numa lógica de “nós” chega a uma conclusão diferente.
....................................
...
.
MAS COMO DIZ ALGUÉM:
;-)Uma coisa é o que se diz..outra a realidade...Tal como uma coisa é a opinião publicada outra a opinião pública.
*
José Manuel Dias
*
**
***
E esta é a mais bonita e a menos calculista:
*
(...)
Ele: - E... cheguei à conclusão de que a mulher que mais me ama és tu...
Ela: - E...
Ele: - E acho que já não consigo estar longe de ti...
Ela: - E...
Ele: - ...tu completas-me!
(pausa de suspense... que é para ele não pensar que já lhe fez a folha)
Ela: - Acho que agora é a parte que eu tenho que te beijar...
Ele: - Pensei que ias continuar com os "e"s...
Ela: - Por enquanto não... mas vou querer ouvir mais disso...
*
**
***
E ou nós não percebemos nada disto ou, a tia Cremilde é que tem razão!!!

segunda-feira, agosto 14, 2006

Androgenia




















Embriagaste-me de palavras minhas
Palavras tantas vezes caladas
Mordidas na noite

Ouvi-te e o fogo consumiu-me
Incendiando o desejo até a dor se tornar intolerável
Percorrendo-me

Em delírio vi brilhar as tuas luzes
Na planície alentejana
Rendi-me

Escorrendo dos teus dedos o meu Eu
Atingiu-me violento
Rompendo das profundezas de mim
Num outro eu que eras Tu

Andrógina surgi assim
Reinventada
Nesta loucura de palavras

IB
.

( O modo andrógino corresponde à expressão original do ser. ACCB)

domingo, agosto 13, 2006

Se fosse...... era.

( Carlos Teixeira - Allegro - Técnica Mista sobre tela )
Se fosse dança era um Tango
Um passo trocado
Um abraço
Quem sabe mais apertado
e desde logo laço
para ser
depois
só compasso

Se fosse um livro
era crónica
de um amor adiado
Amor
para sempre
Irado
Perdido dentro
do espaço
vidrado
dentro da óptica
fechado
dentro de um laço

Se fosse um dia
era ontem
amanhã já não podia
porque o hoje só se vive
para quem sente
e conjuga
o verbo
do dia a dia
e de noite só comunga
o sonho
do outro dia


Se fosse um gesto
era mão
lábio
dedo ou olhar
era carícia
era não
ou quem sabe
o verbo
amar

Mas se fosse realmente
aquilo que
deveria ser
teria sempre
uma música
teria sempre
que ler
teria sempre
um sentido
uma dor
uma paixão
um gesto pequeno
um olhar
uma voz
uma razão.
..
::::::::::::::::::::::..............................

ACCB Junho - 2006

sábado, agosto 12, 2006

Um conto só para adultos

Tinham-na convidado para o baile de máscaras naquele ano.
Não que lhe apetecesse ir, mas assim que soube que ele estaria lá , o coração disparou e não resistiu.
Tinha de lá estar também.
O único problema era reconhecê-lo no meio de toda aquela gente.
E ele iria reconhecê-la?
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Lembrava-se daquele carnaval em Veneza.
Tudo era tão fora de época ou transportado para uma época diferente.
Percorrera as ruas ao som de violinos e pianos e cruzara-se com desconhecidos de máscaras em frente de rostos, mas a mão dele na dela, sempre e ao longo dos canais e ruas estreitas bordadas de varandis floridos, dera-lhe sempre a certeza de que ele estava ali... sempre estaria ali.
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Coisas de tias! Um baile de máscaras! E a rigor!
Lembrou-se do vestido que envergara em Veneza.
Não. Não iria levar esse.
Era demasiado quente, demasiado pesado e era conhecido...por ele.
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Vermelho. Iria de vermelho. Um vestido de seda brilhante vermelha que lhe envolvia o corpo e revelava as formas.
Vermelho era sua cor preferida. Lembrava-lhe tango, paixão, sexo... crime...
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Sorriu para o espelho na sua frente e pensou:
- Mente perversa...Já estás a engendrar vinganças.
Ela também iria. Gorda e patética...
- És perversa mesmo. Como podem achar-te boa pessoa?
Sim, porque a outra nunca poderia enfiar-se dentro daquele vestido vermelho de decote em v que lhe descia as costas e revelava a cintura em exagero.
O outro... o outro também iria...Estaria mais magro? Estaria mais velho?
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Também ele estivera em Veneza mas sem o deslumbramento das máscaras, num tempo em que os canais cheiravam mal e a cidade não tinha o som que nenhuma cidade tem. ( Seria assim?)
No tempo em que as ruas eram sujas e a cidade não tinha restaurantes à beira do Rialto...
Num tempo em que ele fora não com ela, mas com a outra... a patética.
Por isso Veneza não era Veneza.
Mázinha!!!
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Qdo ela fora a Veneza... o som da cidade era inegualável.
Nenhuma cidade tinha aquele som.
O som do piano ouvia-se em cada esquina e ganhava melodia com a proximidade dos canais. Os restaurantes serviam vinho branco que deslizava pela garganta e refrescava a alma. As Gôndolas transportavam os apaixonados a um mundo onde o Amor tinha tempo para si próprio, a um tempo onde o tempo não existia...
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Pegou na máscara que usara... também ela era vermelha. Ficaria "a matar" com o vestido....comprido, justo, de seda, vermelho....E mais uma vez a imagem de crime lhe veio à mente.
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- Perversa - pensou - poderias escrever um livro policial. Mas o que tu queres é ver-lhes os rostos sem que te vejam. E sapatos?? Sandálias altas, abertas, de salto de metal prateado e de tiras ora vermelhas ora de prata... Nos pés magros e esguios.. uma arma de vaidade e luxúria.
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Perfume... o que ele gostara... sempre gostara de lhe sentir... talvez pelo perfume a voltasse a conhecer....E o outro? Não.. o perfume seria o outro....Sexy... sensual... atrevido, com história de pecado.

A noite chegara.
Fora sozinha.
Sozinha dava-lhe mais gozo.
Sentia-se terrivelmente perversa, terrivelmente terrivel. Entrou com a máscara em frente ao rosto.
Os olhares voltaram-se discretos.
Não admirava... vermelho é uma cor chamativa...
As luvas também vermelhas cobriam-lhe as mãos.
Não a poderiam reconhecer. Ninguém conhecido por enquanto também! Estavam todos de rostos tapados!
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Foi então que o viu. Sempre com aquele ar de misterioso silêncio. Ficava-lhe sempre bem o fato escuro no corpo magro. Não era muito alto, mas podia usar aquelas sandálias de saltos enormes ao lado dele. Impecável... ar sereno e observador, não que não fosse ligeiramente tímido... mas era charmoso. Muito, muito charmoso.
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Não queria que a visse... Aquela história da máscara veneziana dificultava à brava. Não se podia afastar da cara nem descansar a mão que a segurava. Os homens apenas tinham colocado uma preta. Era mais fácil para eles.
Era sempre tudo mais fácil para os homens.
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A sala enchia-se de som e os salgadinhos começavam a rodopiar por ali. Mais uma dificuldade para quem tem de usar máscara e tê-la sempre na mão.
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Num olhar de relance viu-a entrar. Gorda e patética. Com ar de quem não parte um prato...
- Sonsa!
Pensou:...
- bonito vestido! Preto para adelgaçar... Não vai mal. Usa sempre preto! Está sempre de luto... por ela própria!
Ao lado vinha o outro. Mais velho, mais magro ou menos gordo. Elegante e de preto também. Ela era inconfundível. Aquele seu andar roliço... e ele... o aroma ao mesmo perfume de sempre... ele também era inconfundível.
Fingia-se feliz... sorria para todos e principalmente para todas....
Ela suportava os sorrisos... fingia que era a eleita... a escolhida... e era! Elegera-se!
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Do outro lado da sala lá estava ele. Não resistiu e passou-lhe por perto deixando no ar um aroma a pecado que não fora nunca dos dois. Não a reconheceu. No olhar ficou apenas um vermelho rápido e esbatido, de fugida... como uma brisa súbita e rubra.
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As escadas apelavam a uma subida para apreciar do alto, como da ponte do Rialto, toda a sala onde máscaras e máscaras desfilavam.
Sorriu.
Nunca usara máscara e naquela noite não a tiraria nem por nada.
Lá em baixo o charme os cumprimentos e a música misturavam-se entre os segredos e as surpresas.
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Ele permanecia sózinho. Sempre fora seu.... sempre fora sua. Mas alguém achara que tudo era uma farsa. Alguém achara que era impossível amar assim. Alguém achara que o amor não se divide...que não se pode amar e ainda assim amar...E os separara... para , pensara, poder ser feliz...
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Uma taça de cerejas exibia o seu vermelho carnudo entre outras frutas... Era uma taça enorme com suporte de gelo... havia morangos também entre verdes de kiwi e dourados de ananás e manga.
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Sorriu.. o outro adorava cerejas...adorava cerejas...............
Alguns rostos olharam para cima... seria melhor descer. Entre o vestido e a tapeçaria só, ao longe os seus cabelos negros se destacavam. Uma simbiose perfeita para quem não queria ser visto, como num passe de mágica......
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Reparou que ele arranjara companhia e conversava sorridente enquanto mastigava qualquer coisa que não eram cerejas, de certeza.
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Os outros deslizavam... bem, deslocavam-se pela sala.
Descera as escadas. aproximou-se dele, do outro, ... com o perfume com cheiro a pecado e sentiu que ele fora arrancado dali para o passado.
Afastou-se até à varanda, não sem levar atrás de si o olhar dele....
A patética ficara numa conversa social... e já se apercebera de que ele se ausentara... ou pelo menos a alma ausentara-se.Também outro olhar a seguira... mas nenhum deles se movera.
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Uma lágrima rolou-lhe pela face. Que fizera para estar ali só, sem o homem para quem com ela Veneza fora tudo e, sem o outro homem que nunca soubera que em Veneza se pode ter tudo.
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Uma voz soou sobressaltando-a. O coração acelerou o ritmo.
Um "boa noite" abanou-lhe o pensamento e a vontade. Sorriu apenas ligeiramente.
-Acho que nos conhecemos.
Tentou mudar o tom de voz e respondeu:
-Talvez, quem sabe.
Sempre o mesmo. Metia conversa com toda a gente.
- Provavelmente a sua mulher não vai gostar de saber que já nos conhecemos.
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O outro não sorriu mais. Conhecera-lhe a voz e associara-a ao perfume que inibriava o ar.
- Aqui? Não esperava.
- Eu esperava. Há muito tempo.
- Ele também está aí. Continua sozinho. Sabias?
- Foi assim que a tua mulher nos deixou a todos - sózinhos. A ela também!
- Sempre irónica...
-Sim , mas hoje alguém vai ficar ainda mais sozinho... E juro-te que eu deixarei de estar sozinha.
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Afastou-se sorrindo não sem lhe sussurrar:
- Já aprendeste a amar? E a separar as águas?!
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A noite decorreu calmamente entre conversas sorrisos alguns passos de dança e um encontro imediato com ele. Nos braços um do outro, ela silenciosa e de máscara colada ao rosto, recordava como era bom dançarem. Só eles os dois sabiam dançar assim.
- Faz-me lembrar alguém - comentara ele apenas. Sorrira-lhe e nada dissera.
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As frutas começaram a ser servidas...
- Queres cerejas? - perguntou-lhe o outro aproximando-se
- Quero. É engraçado saber que só nós os dois sabemos que estamos aqui. Ironia estranha! A tua mulher vem para aqui...
- Queres cerejas? - apressou-se ele a oferecer-lhe, à eleita. As mesmas que lhe oferecera antes a ela. Sempre o mesmo morto de raiva de viver com ela e morto de impotência de a deixar. De medo de ser descoberto. Sempre o mesmo a oferecer à mulher o que queria oferecer-lhe a ela.
- Oh.. cerejas..,adoro....Que vestido bonito - comentou a outra dirigindo-se-lhe.
Voltou as costas. A voz iria denunciá-la. Não queria que assim fosse.
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- Morangos? - Era ele
- Sim morangos.. - sussurrou.
Ele estremeceu...
- Como em Veneza?
- Sim... como em Veneza.
- Eu sabia que eras tu. Quando dancei contigo.
- Eu sabia que vinhas.
- Ficas...
- Aqui?
- Comigo... ficas?
- Como em Veneza??
- Sim. Como em Veneza.
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Alguém se engasgara e vertera na aflição a taça gelada das cerejas... Era ela, a eleita.
-Um médico! - alguém pediu.....
O outro debruçou-se aflito. A outra estava engasgada de cerejas...as cerejas que ele gostava. O outro engasgado com a aflição dela...
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Tiveram de sair à pressa como sempre.... A festa continuou... A Vida continuou... mas ele nunca podia acompanhar a vida... era patético... saíam sempre antes de todos... Por causa dela.....
.
- Ficas? - perguntou ele novamente interrompendo-lhe o pensamento e o olhar.
- Aqui?
- Sempre. Comigo.
- Como em Veneza??
- Sim....queres morangos?
-Com vinho branco???
.
Olhou para a porta.. uma ambulância estava a chegar.
Não resistiu e abeirou-se dela... tirou a máscara e sorriu-lhe. A outra deixou de tossir. Então murmurou-lhe baixinho olhando-a nos olhos:
.
- Veneza é para os apaixonados, para quem ama de verdade. Há máscaras que nunca se devem tirar e, o Amor,... é, como disse alguém, o único sentimento que se pode dividir e mesmo assim multiplicar......e que nunca se pode comprar.
..
.
Comentou-se mais tarde num diz que disse intriguista e maldoso, que a taça de cerejas estava envenenada...quem teria feito tal coisa?
Algo tinha sido lançado do cimo das escadas...caíra direitinho dentro da enorme taça.
Tinha sido lançado por alguém, ninguém sabia quem...não havia impressões digitais...não havia marcas...Mas juraram que havia um aroma a pecado no ar.
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Ou seria uma cor de paixão?Ou seria um som de Veneza? Ou seria a máscara da vida?
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....................................................................
ACCB - Julho 2006

Para vosso sossego, a outra engasgara-se apenas com as cerejas. As mesmas que o outro adorava.

^^^

Dedico esta história a uma grande amiga. Ela sabe quem é.

*

O desafio nasceu aqui:

http://darksidemorgana.blogspot.com/2006/07/simply-red-2-querem-contar-histria.html

( foto gentilmente cedida por José Colaço)
*
Diz-se que:
*
O verdadeiro amor é exigente,
.
implacável,
e,
ao mesmo tempo,
.
infinitamente delicado
*
::::::::::::::::

sexta-feira, agosto 11, 2006

*
I know a little bit
About a lot of things
But I don't know enough about you
Just when
I think you're mine
You try a different line and
Baby, what can I do?
I read the latest news
No buttons on my shoes
Baby,
I'm confused about you
You've got me in a spin and
What a spin
I'm in Cause
I don't know enough about you
Jack-of-all-trades, master of none
And isn't it a shame
I'm so sure that you'd be good for me
If you'd only play my game
You know
I went to school and
I'm nobody's fool
That is to say until
I met you
You've got me in a spin and
What a spin
I'm in Cause
I don't know enough about you
I know a bit about biology
A little more about psychology
I'm a little gem in geology
But I don't know enough about you
.
Cantado por Diana Krall

quinta-feira, agosto 10, 2006

"Post a caminho"



Lancei eu um desafio ao Miguel Abrantes!!! ( Conhecem? Claro que conhecem.
E conhecem o Blog " Câmara Corporativa " também.
Pois claro que conhecem.)

Dizia eu que, lancei um desafio e vai daí, ele não se fez de rogado e posta-me o mote como se fosse meu, passando-me assim, sem mais aquelas, o quase "ónus da prova".

Mas prova...prova eu não tenho.
Até porque não são os meus corredores os da Ordem dos Advogados.
Nem estou por lá, todos os dias, nem assisti a qualquer dos ultimos julgamentos, nem a proximidade, face às férias, é assim tanta.

A única coisa que acho estranha é o pedido de eleições antecipadas.
Do estilo motim ou, vamos lá a votos ou, do estilo golpe de Estado.
E surpreende-me porque se tenta passar a ideia de que não estão os ilustres causídicos em geral, satisfeitos com o actual Bastonário.
Será porque ele tem uma enorme capacidade de comunicação?
Será porque é um homem frontal, que explica muito bem o inexplicável?
Será porque é um excelente comunicador?
Será porque é um homem simples no trato, apesar da sua cultura e inteligência e da lealdade que sempre demonstra quando trabalha com os juízes?
Será porque embora com muita diplomacia fala sem "papas na língua"?
Pois... Será?

O que é claro e evidente e certo, é que ninguém fala dele nos ultimos dias e, é incontestável que tem sido uma peça importante na roda dentada da máquina da Justiça, como ele próprio lhe chama.
Ultimamente muito pouco relevo se tem dado à sua voz digo, às suas afirmações certeiras.
Provavelmente porque está de férias judiciais.
Fala-se dele mas para lhe apontar a responsabilidade por algo que nada tem que ver com as funções que desempenha e para as quais foi legitimamente eleito.

Será que na Ordem dos Advogados há um governo e uma oposição?
Um Governo e alguém que não gosta do Governo?
Então as eleições não respeitaram as regras?
Respeitaram pois.
Então não percebo.
Será mau perder?
Ou serei ingénua?!
Provavelmente!...

E quando penso que, porque algo correu mal durante uma audiência que era igual a tantas outras, (independentemente da questão de fundo que não refiro, nem quero referir aqui), uma audiência que estava a ser presidida por quem para tanto tinha competência, se vem exigir ou avançar com a questão de eleições antecipadas....

Faz-me muita "impressão".
Que tem o Bastonário com a forma de condução de uma audiência presidida pelo Conselho Superior se nem recurso foi interposto?
Que eu saiba e de acordo com a

SECÇÃO IV
Bastonário
Artigo 38.º
Presidente da Ordem dos Advogados
O Bastonário é o presidente da Ordem dos Advogados e, por inerência, presidente do Congresso, da Assembleia Geral e do Conselho Geral.
Artigo 39.º
Competência
1 - Compete ao Bastonário:
a) Representar a Ordem dos Advogados em juízo e fora dele, designadamente perante os órgãos de soberania;
b) Representar os institutos integrados na Ordem dos Advogados;
c) Dirigir os serviços da Ordem dos Advogados de âmbito nacional;
d) Velar pelo cumprimento da legislação respeitante à Ordem dos Advogados e respectivos regulamentos e zelar pela realização das suas atribuições;
e) Fazer executar as deliberações da Assembleia Geral, do Conselho Superior e do Conselho Geral e dar seguimento às recomendações do Congresso;
f) Promover a cobrança das receitas da Ordem dos Advogados, autorizar despesas orçamentais e promover a abertura de créditos extraordinários, quando necessários;
g) Apresentar anualmente ao Conselho Geral os projectos de orçamento do Conselho Geral e da Ordem dos Advogados para o ano civil seguinte, as contas do ano civil anterior e o respectivo relatório;
h) Promover, por iniciativa própria ou mediante solicitação dos conselhos da Ordem dos Advogados, os actos necessários ao patrocínio dos advogados ou para que a Ordem se constitua assistente, nos termos previstos no n.º 2 do artigo 5.º;
i) Cometer a qualquer órgão da Ordem dos Advogados ou aos respectivos membros a elaboração de pareceres sobre quaisquer matérias que interessem às atribuições da Ordem;
j) Presidir à comissão de redacção da Revista da Ordem dos Advogados ou indicar advogado de reconhecida competência para tais funções;
l) Assistir, querendo, às reuniões de todos os órgãos colegiais da Ordem dos Advogados, só tendo direito a voto nas reuniões do Congresso, da Assembleia Geral e do Conselho Geral e nas reuniões conjuntas deste com o Conselho Superior;
m) Usar o voto de qualidade, em caso de empate, em todos os órgãos colegiais a que presida;
n) Resolver conflitos de competência entre conselhos distritais e delegações que não pertençam ao mesmo distrito;
o) Decidir os recursos interposto das decisões sobre dispensa de sigilo profissional;
p) Decidir os recursos interpostos das decisões sobre escusas e dispensas de patrocínio oficioso; q) Interpor recurso para o Conselho Superior das deliberações de todos os órgãos da Ordem dos Advogados, incluindo o Conselho Geral, que julgue contrárias às leis e regulamentos ou aos interesses da Ordem dos Advogados ou dos seus membros;
r) Exercer em casos urgentes as competências do Conselho Geral;
s) Exercer as demais funções que as leis e os regulamentos lhe confiram.

2 - O Bastonário pode delegar em qualquer membro do Conselho Geral qualquer uma das suas competências.
3 - O Bastonário pode, com o acordo do Conselho Geral, delegar a representação da Ordem dos Advogados ou atribuir funções especificamente determinadas a qualquer advogado.
4 - O Bastonário pode ainda consultar os antigos Bastonários, individualmente ou em reunião por ele presidida, e delegar neles a sua representação, incumbindo-os de funções especificamente determinadas.
*
Que eu veja o Presidente do Conselho Superior que dirigiu o Julgamento do ex Bastonário Dr Miguel Júdice, não é o Dr Rogério Alves mas sim o Dr. Laureano Santos.
Que eu perceba, a questão era processual e mais nada.
Então....
Então...digam-me porquê o pedido de, na sequência da tão noticiada audiência, se pedirem novas eleições.
Só pode ser para lançar a confusão ou criar uma ideia errada sobre algo.
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Quem sabe mais disto que eu, que me responda:
Que razões levam a eleições antecipadas na Ordem dos Advogados?
E quais são os mecanismos correctos para as provocar?

É certo que a tradição já não é o que era!
Já o diz a publicidade.
Mas a que se pretende dar publicidade quando se "pede" eleições antecipadas neste momento na Ordem dos advogados?
Só pode ser à existência de duas posições antagónicas o que não fica bem a quem pugna pela aplicação da Lei ao serviço e na defesa da Justiça.
E não venham para cá com histórias de que gosto muito do Bastonário porque ele se pronuncia contra o diploma desastroso das férias Judiciais.
Nada disso. Cada um de nós apesar da posição parecer semelhante, terá porquês diferentes quanto ao diploma.
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Tive a honra de trabalhar de perto com este ilustre causídico e, sei bem o que digo quando lhe atribuo as qualidades supra referidas.
Trabalhar lado a lado com alguém como o Dr Rogério Alves é um prazer e, sabendo-o agora Bastonário, não pode deixar de ser uma honra.

Pôr em causa o trabalho de ano e meio, tentando travá-lo é descaramento, salvo o devido respeito. E Pô-lo em causa por razões laterais e que nada têm que ver com as competências do Bastonário, é atrevimento.
Claro que a opinião pública congemina logo o que querem que ela congemine com as actuais "transpirações de opiniões".
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Não há nada, em meu entender no comportamento, no perfil e no desempenho do actual Bastonário que justifique eleições antecipadas.
Não é razão para as mesmas uma questão processual de um julgamento só porque, provavelmente, não se cumpriram regras simples e básicas que todos nós, os do mundo do Direito, bem conhecemos.
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E pronto, aqui vai o post.
Simples e directo como eu sou.
E tenham em conta que os interesses do Dr. Rogério Alves são colectivos e ultrapassam as paredes da Ordem, diria mesmo que são também os da Nação ainda que só naquele âmbito.
Não encontro no Dr. Rogério Alves qualquer interesse pessoal.
Será que sou ingénua?

Provavelmente pouco acutilante para os gostos de alguns. É do calor.
O que eu quero na verdade é que abanem as opiniões. Que se abram as bocas ou soltem os teclados e que, ideias diferentes venham a lume.
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Afinal é o que eu acho que o Miguel quer com o Blog dele.
E, se o acho demasiado persecutório quanto aos Juízes e MP, não posso deixar de dizer que isso até nos faz bem.
Abre-nos os olhos e a mente, aguça-nos o espirito e faz-nos vermo-nos pelos olhos dos outros ainda que muitas vezes nos olhem de forma deturpada e injusta. E, mais importante ainda, mostra-nos o que pensam de nós, o que nos coloca numa posição privilegiada.
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Umas boas férias Judiciais para todos e, de Juízes, para os que estão já nessa fase.
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P.S.: Não analisei aqui qualquer porquê do processo do Dr. Miguel Júdice. Nem sequer o conheço em rigor.
Nem analisei a reacção do mesmo durante o Julgamento.
Nem o decidido pelo Conselho Superior da OA.
Não me pronunciei sobre nenhuma destas questões.
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ACCB - 8.8.2006


quarta-feira, agosto 09, 2006

Mas o Povo é sereno e nada tem que ver com isto


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terça-feira, agosto 08, 2006



Quiosques para a Justiça em Setembro
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O primeiro quiosque de atendimento dos tribunais vai começar a funcionar a 1 de Setembro próximo, no Tribunal da Amadora, segundo o
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Quiosque - Gostei principalmente do nome. lembrei-me logo daqueles sítios simpáticos onde comprava as pastilhas elásticas e a banda desenhada preferida.( Não digam a ninguém mas era o Mancha Negra já que os irmãos Metralha eram intragávelmente estúpidos, o tio patinhas terrivelmente egoísta e avarento, a Maga Patalógica muito má e a Madame Min intragávelmente feia.
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Quiosque entende-se como um pequeno pavilhão ou loja onde se vendem jornais, tabacos, bebidas e diversas miudezas.
Do Turco - quioskioskh - pavilhão ou do francês - Kiosque.
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E agora temos um pavilhão ou vários pavilhões com uns senhores lá enfiados dentro a prestar informações que se podem recolher através da Net.
Ou seja, a abertura dos processos aos advogados pagos pelos seus clientes e pelo Estado, ( ou seja nós) não chega. Vai de pagar a mais um funcionário que de certo faz falta, como pão para a boca em uma qualquer secção, para estar no atendimento ao público, num dito quiosque, a consultar o habilus e a dizer como vai, bem obrigada, onde está o processo nº tal e tal e tal... para saídos dali incomodarem outro funcionário para obter uma informação que de outra forma se obteria.
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É um serviço de informação pública. Não sabemos o horário, mas deve ser o dos Tribunais. Ou será o do MJ? Leia-se Ministério da Justiça.
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Será isto a (in) sustentável leveza da Justiça de que Cunha Rodrigues falava em 1997?
Serão estes quiosques informáticos ao caminho para a tal leveza?
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Que os Tribunais ainda não se encontram preparados para ela é verdade. Na realidade todos os dias os funcionários judiciais se debatem com processos por e para cumprir em número cada vez maior; os juízes se deparam com agendas sem espaço para colocar uma diligência a mais só que seja, e, não há recursos humanos, e dos que há, normalemente há má gestão.
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Mas que importa que o processo não ande porque não há meios, se o cidadão o pode facilmente saber a toda a hora e todos os dias num quiosque informático perto de si?
..

No novo posto de atendimento estarão entre um a dois oficiais de justiça que, recorrendo a material informático, irão informar o cidadão sobre qual o gabinete a que se deverão dirigir para tratar de determinado assunto.

A partir destes quiosques também será possível fazer a entrega de documentos e saber como se encontra determinado processo.
Além da Amadora, o Ministério da Justiça estuda a possibilidade de alargar este tipo de serviço a outras comarcas.
Data: 26-06-2006
Fonte: Portal do Cidadão
http://www.portaldocidadao.pt/PORTAL/pt/

domingo, agosto 06, 2006

A Parelha da Cruz de Cristo



Foi criado há pouco tempo um Blog dos Fans dos
Asas de Portugal
a que como sabem, já fiz aqui referência e para o qual remeti.
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Postei um comentário no referido Blog, uma vez que sou uma fan acérrima dos mesmos e da FAP .
Para meu grande espanto, o meu comentário não foi aceite!
Então será que o Blog não é para os fans?
Provavelmente é um Blog machista.
Que pena!
Nunca pensei que os fans dos Cavaleiros de Cristo no AR fossem machistas.
Tudo bem: Menina não entra!
Era conveniente que o dissessem no Blog.
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E assim, para os que são fans
mas são mulheres
ou Juízes
ou indesejados no referido Blog, aqui fica:
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O SITE DOS ASAS!
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Mais de 25 anos de acrobacia na FAP
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6 Agosto de 1945 / 2006


Hiroshima (広島市 -shi) é uma cidade japonesa localizada na província de Hiroshima. Fica no rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um castelo feudal do século XVI. Serviu de quartel-general durante a guerra sino-japonesa (1894-95). Em 6 de agosto de 1945 foi a primeira cidade do mundo arrasada por uma bomba atômica: 75 mil pessoas foram mortas ou feridas.
Em 2003, a cidade tinha uma população estimada em 1 136 684 habitantes e uma densidade populacional de 1 532,44 h/km². Tem uma área total de 741,75 km².
Recebeu o estatuto de cidade a 1589.

O primeiro ataque atômico da história fez com que a cidade de Hiroshima, ficasse mundialmente conhecida. A cidade foi arrasada em 6 de agosto de 1945 pela primeira bomba atômica, lançada pelos Estados Unidos.
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A rosa de Hiroxima
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Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
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Vinícius de Moraes

sábado, agosto 05, 2006





Não resisto a fazer aqui referência a um Blog que a partir de agora vai ser visita obrigatória.
Vale a Pena. Vale tudo!
Apaixonada como sou pela FAP, não podia passar sem falar do Blog daqueles a quem eu chamo os Cavaleiros de Cristo no Ar e a quem já fiz referência no Cleopatramoon.
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ASAS DE PORTUGAL FAN CLUBE
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sexta-feira, agosto 04, 2006

Contos para crianças adaptados aos adultos I

( O senhor do Tempo - Villeneuve)

A miúda e o poeta

O Poeta estava distraído.
Passava o tempo distraído.

Tão distraído que não sabia que era poeta.
Pensava que era apenas um homem.
Vulgar. Como outro homem qualquer.
Um dia a miúda olhou-o nos olhos e sorriu.
Não disse nada, mas olhou-o e sorriu.
Ele não reparou. Estava demasiado ocupado para ver o sorriso ou o olhar.

Num outro dia o poeta, que julgava que era um homem como outro qualquer, voltou a passar pela miúda.
No olhar dela bailava um sorriso de miúda pequena.
O poeta pareceu-lhe ver um sorriso.
Mas continuou a pensar que era um homem como outro qualquer.
Que não tinha tempo para a sorte.

Um dia alguém lhe sussurrou : "Ter Tempo, é ter sorte!"
O poeta olhou e reparou que fora a miúda que falara.
Tempo? Sorte?

Naquela noite sonhou com um olhar, sonhou com um sorriso.....e pensou que era tempo de acordar.
Voltou à sua rotina diária, mas à tarde lembrou-se de parar no tempo e lembrou-se da sorte de ter tempo.
E pensou se alguma vez tivera tempo.
Tempo para sorrir.
tempo para ser.
tempo para crescer.
Tempo para existir.
Tempo para sentir...
E a voz da miúda repetiu-lhe:
- Ter Tempo é ter Sorte.

E ele recordou o olhar e o sorriso.
E olhou o relógio e sentiu que não tinha Sorte.

Levantou-se e foi à procura da miúda.
Olhou-a nos olhos e perguntou-lhe:
- Tu tens Tempo?
Tenho. Eu tenho muita sorte. Gosto de tudo o que me aconteceu e acontece na Vida. Há coisas que me fazem doer, mas o Tempo cura tudo.
- Como é ter Sorte?
-É ter Tempo para tê-la. Há vezes em que deito o relógio fora para poder ficar com o tempo que ele me rouba.
-Deitas o relógio fora? Mas assim podes perder o tempo certo da sorte.
- Há tempo para tudo. Basta que eu marque o tempo certo do tempo, e encontro o tempo certo ou a sorte.

O Poeta voltou para casa.
Olhou o relógio.
Passara apenas uma meia hora e ficara com a sensação de que fora um momento único de sorte encontrar a miúda.
Como faria ela para ter sorte? E para ter tempo?
E para ter ambos?
Afinal fizera-o perder Tempo... Ou encontrara a forma de não o perder.

O Poeta adormeceu mais uma vez a pensar que era um homem com o Tempo muito organizado. Contado... Cheio de falta de Tempo para coisas inúteis!... Como podia ela deitar o relógio fora para roubar o Tempo que o relógio lhe tirava?!

Quando acordou , olhou o espelho... e sentiu que havia a marca do Tempo no rosto, nos cabelos, no corpo...
Que fizera ele ao Tempo, que fizera ele à Sorte?
Seria a miúda louca ou teria razão? Estaria a Tempo de ter Tempo???
O rosto dizia-lhe que estava na hora de ter Tempo o Tempo que lhe restava.
E que tempo lhe restava?
O que a Sorte lhe guardasse ou o Tempo lhe desse?

"Tempo é Sorte!" - A miúda voltou a sorrir-lhe com um olhar transparente e verdadeiro... Ela tinha as mesmas marcas do Tempo, mas a Sorte passara por ela.
Naquele dia, roubou Tempo ao relógio e foi à procura da Sorte.

ACCB 5.8.06

terça-feira, agosto 01, 2006

A Sucessão ao Trono ou Os Piratas das Caraíbas II

Nos Piratas das Caraíbas II também existe um homem polvo, um homem lapa e alguns homens búzios que perdem a cabeça facilmente..
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O Homem polvo não tem coração e parece que o perdeu ou está fechado dentro de um baú.
Quem possuir o seu coração, como acontece com todos os homens, poderá dominá-lo, fazer dele tudo o que quiser.
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Não resisto em manter o paralelismo com Fidel e o homem polvo.
Só que, depois de ter pisado solo cubano, fica-me a dúvida de que ele, Fidel, não tenha perdido o coração no início da revolução ou não o tenha deixado rolar por uma ravina abaixo, talvez a mesma por onde rolou a mula que carregava o corpo de Che Guevara.
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Assim sendo, não será nunca possível encontrar o dito coração dentro de qualquer caixa ou baú. Portanto, não será possível fazer dele o que quer que se queira.
Perdeu-se e pronto.
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Pela primeira vez na história e perto de cumprir 80 anos, depois da queda sofrida, que alguns quiseram atribuir a Zidane, o líder cubano Fidel Castro foi obrigado a delegar os cargos no partido, Conselho de Estado e Forças Armadas e, adivinhem em quem "teve de abdicar" .
No irmão mais novo Raul, ministro da Defesa. Claro.
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A segunda figura politica do estado Cubano . Claro!.Não é que não se tivesse avançado a ideia de existir um clone, com coração e tudo, que o substituísse numa crise como esta.Mas não. Qual Clone, ainda por cima com o risco de ter até coração.É o irmão e mais nada! Aliás “a Constituição já o previra”.
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A 2ª figura de Estado, avança como num jogo de xadrez, ( curioso que no xadrez é a rainha a 1º figura de Estado!) e pronto, nada de clone.
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De acordo com um comunicado lido segunda-feira à noite na televisão cubana, sofreu uma crise intestinal com sangramento que o obrigou a ser submetido a uma complicada operação cirúrgica.
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A crise, tendo em conta o mesmo comunicado, ao que parece elaborado pelo próprio Fidel Castro, aconteceu devido ao «enorme esforço» realizado durante a sua recente visita à Argentina para participar na Cimeira da Mercosur e na sua intervenção na cerimónia de aniversário do assalto ao quartel Moncada, depois do seu regresso a Havana. ( Agora. No presente. Claro! ).
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A operação, segundo o texto, escrito à mão e assinado pelo próprio Fidel Castro, «obriga-me a permanecer várias semanas de repouso, alheado das minhas responsabilidades e cargos».
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Tudo legal segundo a Constituição cubana.Claro! Quem elaborou a mesma? De acordo com os "interesses legítimos" da revolução?.
Os restantes cargos ocupados pelo líder cubano foram delegados noutros membros do governo e do gabinete político do Partido Comunista de Cuba.
A saúde , do país, ficará provisoriamente a cargo do ministro José Ramón Balaguer e a Educação será gerida por Ramón Machado Ventura e Esteban Lazo Hernãndez,o vice-presidente, Carlos Lage, vai ocupar-se da política energética e vai supervisionar os fundos destes três programas, considerados prioridades da revolução, juntamente com Francisco Soberón, presidente do Banco de Cuba, e o chanceler, Felipe Pérez Roque.Todos eles membros do gabinete político do Partido e, portanto, da confiança de Fidel e, evidentemente, (obviamente) da confiança do irmão.
Ou seja fica tudo em família.
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Já se festeja a " saída" de Fidel. Mas calma. Qual saída? Ele apenas está em recuperação.
“Horita vengo”, como se diz em Cuba.
Não pensem por agora de outra forma.
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E não é que eu antipatize de todo com o Velho Fidel que lidera um país há quase tantos anos quantos os que eu tenho de Vida.
É que, só não gosto de pensar que tudo é racionado, principalmente o conhecimento.
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Para não falar dos Kgs de açúcar e, arroz e, batatas e, carne que cada família pode comer de forma democrática em sua casa e que o Estado “oferece” numa caridadezinha revoltante.
Os cubanos, claro que os que ganham em pesos cubanos, não em pesos convertíveis aceitam, aceitam tudo. Porque “o partido” manobra os pesos convertíveis.
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(E não venha o Miguel Sousa Tavares dizer que ele não viveu nunca melhor que o seu Povo.Oh Miguel... Vamos escrever um romance?!).
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E claro que o peso cubano ao lado do nosso Euro é uma ninharia, uma miséria.
Mas para um povo que o tem como um Deus, um verdadeiro líder, um homem que estabeleceu a" igualdade entre o povo" , é suficiente embora não chegue.
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A primeira sensação quando pisei solo cubano, o primeiro pensamento à saída do aeroporto foi:
- Meu Deus.... Tanta pobreza, tanta corrupção...tanta prostituição.
É a imagem.
É a imagem quer queiram quer não.
A imagem não é a dos folhetos de revistas de agências de viagem. É esta e ponto final.
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Não é que eu não tivesse dito sempre:
- Tenho de ir a Cuba antes que o Fidel morra.
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Não é que eu não antipatize com o raio do embargo americano a Cuba, como antipatizo com tudo o que é ditatorial e ingerência, logo também com Fidel.
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Como posso pensar que na minha casa, por mês só posso consumir 1kg de arroz?
Dava-me logo vontade de consumir 10kg.
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É que a nossa cultura é realmente diferente.
Eles ficam felizes com senhas de racionamento.
Nós sentimo-nos controlados, dominados, presos.... ou, em guerra.
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E um povo que pede nas ruas em cada 2 metros é feliz?
Lembro-me do meu filho de 9 anos me perguntar com os olhos aflitos:
- Mãe, eles vão à escola?
E lembro-me da minha filha, que é extremamente consumista, comentar angustiada:
- Mãe, já viste que gastámos nesta viagem mais que um ano de vencimento médio em Cuba? O vencimento de um médico?
E o vencimento de um médico é em média, pasmem,... 250 euros ou 400 se muito bem pago!!
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É verdade.
É verdade.
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E lembro-me do discurso na praça da revolução no último 1 de Maio....
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Ou melhor, nem quero lembrar.
A pirataria faz-se de várias formas.
E privar um povo da abertura a outras culturas é uma forma de pirataria.
Há uma carta de Fidel ao povo, ainda a vou procurar e talvez publicar aqui.
Falará das ventoinhas, dos frigoríficos?
Falará das casas destruídas onde vivem?
Falará de Havana velha e nova?
Falará do povo descalço, dos meninos de Cuba...
Falará da polícia cubana que nos últimos meses procedeu à apreensão de livros e computadores, câmaras fotográficas, máquinas de fax e até artigos de papelaria?
Falará das pessoas detidas «devido aos denominados "delitos contra o Estado"»?.
Falará do embargo americano?
Ou falará de Cuba Libre?
De que falará?.................................................
ACCB


O filme não tem lógica.
Do princípio ao fim não há um fio de lógica.
Não faz o minimo sentido.
Talvez porque fale de amor.
Um amor à distancia, no tempo, no espaço...
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A única interpretação lógica pode ser esta, ainda que metafórica:
O tempo dele é sempre o presente.
Ela existe sempre no presente dele. Em todos os presentes dele.
Ele contudo, existe no passado dela e no futuro dela.
E no presente dela, ela pode ou não perdê-lo.
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E o Amor.... é como eu digo:
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o Amor é como o chocolate. Não tem de fazer sentido.

ACCB


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